Powered By Blogger

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

TV PSI Especial Zika e Microcefalia: Sergipe recebe o virologista Paolo Zanotto, que desenvolveu um método de pesquisa pioneira, para diagnosticar o vírus da zika. Confira matéria do G1-SE

118/02/2016 16h01 - Atualizado em 18/02/2016 16h48

Sergipe sedia pesquisa pioneira para diagnosticar o vírus da zika

Método foi desenvolvido pelo microbiologista Paolo Zanotto.
Pesquisa vai durar uma semana e será feita em três pontos do Estado.

Tássio AndradeDo G1SE
Vírus da zika é tema reunião em Aracaju (Foto: Tassio Andrade/G1)Vírus da zika é tema reunião em Aracaju (Foto: Tassio Andrade/G1)
A Secretária de Estado da Saúde de Sergipe (SES) realizou no final manhã desta quinta-feira (17) uma entrevista coletiva no auditório do órgão, no Centro de Aracaju, para explicar como está sendo desenvolvida a pesquisa para diminuição da janela imunológica para identificação do vírus da zika, que será realizada durante uma semana no estado.
A zika, cujos sintomas incluem febre baixa e irritação cutânea, vem sendo ligado a casos de microcefalia – uma má-formação cerebral - em recém-nascidos no Brasil, embora a conexão ainda não tenha sido provada.
Segundo a superintendente do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen), Danuza Costa, o exame que detecta o anticorpo do vírus da zika agora será mais específico. O método vai procurar o anticorpo e não mais o vírus.

“A gente sai de três dias para identificação do vírus, para uma prazo bem maior, que é a presença do anticorpo do vírus IgM ou IgG , método que identifica quanto tempo o anticorpo está presente no organismo. O anticorpo IgG é o método que diz que você teve a doença, em algum momento a pessoa teve zika. O IgM diz quanto tempo o anticorpo do vírus da zika está ou esteve presente. Com o exame que detecta o anticorpo teremos um prazo maior para descobrir se a pessoa teve zika, uma prazo entre 18 e 20 dias, ou até maior. É,  isso que estamos pesquisando”, destaca Danuza.
Mariana Verotti, coordenadora geral dos laboratórios do Ministério da Saúde (Foto: Tassio Andrade/G1)Mariana Verotti, coordenadora geral dos laboratórios
do MS (Foto: Tassio Andrade/G1)
Para a coordenadora geral dos laboratórios do Ministério da Saúde, Mariana Verotti a doença continua representando um mistério sem tratamento.

“O estado de Sergipe é o primeiro no Brasil a utilizar a sorologia do doutor Paolo Zanotto, disponível somente para pesquisa no momento. Nós já temos desenvolvimento de outros antígenos, que foram passados para cinco laboratórios sentinelas que temos espalhados pelo país", disse a coordenadora.
Mariana Verotti reforçou ainda a importância na realização do diagnóstico em Sergipe." É importante que a gente faça o diagnóstico laboratorial para poder fazer essa conexão ou não com as microcefalias do estado. No momento, o trabalho do ministério coloca a prevenção em primeiro lugar, e o diagnóstico laboratorial é muito importante também. Não existe um tratamento até então. Aqui, uma equipe fica na porta dos locais escolhidos, e as pessoas que tiverem os sintomas são triadas para fazer o teste do zika”.
Saulo Duarte é pediatra da Universidade de Jundiaí (Foto: Tassio Andrade/G1)Saulo Duarte é pediatra da Universidade
de Jundiaí (Foto: Tassio Andrade/G1)
O pediatra Saulo Duarte diz que o trabalho realizado em Sergipe é importante para outras equipes.

“Aqui existem protocolos, e as crianças estão sendo atendidas. O que é muito importante, pois estamos esperando a onda de microcefalia em São Paulo para aproximadamente dois meses. Nossa equipe está se preparando e discutindo as dificuldades com o pessoal daqui, eles já têm a pratica", destacou o médico.
"O vírus foi descoberto em 1947, e ficou latente todo esse tempo e de repente teve esse surto em alguns países, e no Brasil faz esse estrago. Esse vírus é tão indolente que não dá sintomas. De repente você teve a doença e nem sabe. E, quando surge algum sintoma na gestante ele acomete de uma forma grave. São muitas dúvidas, mas vamos pesquisar cada detalhe”, ressalta Saulo Duarte, pediatra da Universidade de Jundiaí.
Paolo Zanotto, microbiologista molecular (Foto: Tassio Andrade/G1)Paolo Zanotto, microbiologista molecular
(Foto: Tassio Andrade/G1)
O microbiologista molecular Paolo Zanotto e criador da sorologia que detecta o anticorpo do vírus da zika destacou o nível das equipes que atuam em Sergipe.

“O nível do treinamento do pessoal é muito bom. Não estamos aqui para ensinar algo, mas para trocar informação, trabalhar com uma equipe que já está atuando. Desta forma, o trabalho anda muito rápido, e as chances de se chegar a uma solução são bem maiores", disse Paolo.
Sobre a rotina das equipes que trabalham na pequisa ele resumiu: "é um trabalho de campo, e é preciso uma flexibilidade muito grande. São dias de pesquisa, onde no final de cada expediente  é realizada uma reunião para debater os resultados e organizar o planejamento do dia seguinte”.
O secretário da Saúde de Sergipe, Zezinho Sobral, acredita que a pesquisa vai ajudar no mapeamento da doença em todo o país. “O estado  é privilegiado por ter um laboratório habilitado para realizar os exames aqui e iniciar essa pesquisa. Esse desenvolvimento tecnológico consolida Sergipe e vai permitir que nós sejamos vanguardistas desse mapeamento e dessa expectativa de como combater mais eficientemente o zika”.
Microcefalia
Em Sergipe, já foram notificados 180 casos de microcefalia em 46 municípios sergipanos. Foram 158 casos notificados em 2015 e 22 em 2016. Aracaju registra 45 casos, seguido por Nossa Senhora do Socorro, com 18, e Itabaiana com 13 casos.
Zika
Até 05 de fevereiro de 2016, foram coletadas e enviadas para o Laboratório de Referência Nacional, 682 amostras de casos suspeitos de Febre do Zika. Até o momento, temos o resultado de 124, nas quais não foi detectado o Zika vírus, e as demais ainda aguardam resultados. 191 amostras foram coletadas em Aracaju, 76 em Canindé e 42 em Nossa Senhora das Dores.
Chikungunya
Em 2014, em Sergipe, foram colhidas 68 amostras de casos suspeitos de Febre do Chikungunya e encaminhadas para o Laboratório de Referência Nacional, sendo apenas 1 amostra reagente no mês de outubro, tratando-se de caso vindo de Feira de Santana (Bahia).
Em julho de 2015, foi identificada a primeira amostra reagente autóctone, no município de Aracaju. Deste então, já foram confirmados laboratorialmente 194 casos, em 30 municípios. Aracaju (31 casos), Nossa Senhora das Dores (23) e Laranjeiras (19) concentram o maior número de casos.
Dengue
Em 2016, foram notificados até o presente 468 casos de dengue, com taxa de incidência de 20,87/100.000hab. O município que apresentou mais casos foi Itabaianinha com 143 casos, incidência de 345,38/100.00 habitantes.

 
SEJA O PRIMEIRO A COMENTAR

Nenhum comentário: