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sábado, 30 de abril de 2016

S.O.S Zika e Microcefalia: "Microcefalia: a história das famílias que adotaram crianças que sofrem com a má-formação"


NOTÍCIAS 29.04.2016 - 06H00 - ATUALIZADO ÀS 29.04.2016 12H32 | POR MARIA LAURA NEVES

Microcefalia: a história das famílias que adotaram crianças que sofrem com a má-formação

Muitas vezes eles não comem, não andam nem respiram sem ajuda. Podem ter várias convulsões por dia e talvez nunca digam “mamãe”. Essas limitações não impediram essas mulheres de adotar bebês com microcefalia


 O Brasil não tem condições de tratar tantos pacientes" Gustavo Valle, neuropediatra infantil (Foto: Marie Claire)
Maria Vitória nasceu no fim de setembro do ano passado, em um hospital público do Recife. Era um bebê grande, com a pele bem branquinha e cabelos pretos. Logo após o parto, recebeu a sentença que a jogou no epicentro da crise de saúde pública que o Brasil vive hoje. O perímetro de sua cabeça media menos do que 33 centímetros. Maria Vitória tem microcefalia. A mãe – desempregada que já cria um filho deficiente – decidiu entregá-la para adoção ainda na gravidez. Deixou a bebê aos 13 dias de idade nos braços de uma funcionária na porta de um abrigo de órfãos. Logo a menina ganhou fraldas e uma pilha de roupinhas. Atenta e dengosa, virou o xodó da instituição. Toma leite em pó na mamadeira com avidez, chora muito, e alto, quando quer colo e espera, em um berço cor-de-rosa, uma família que a leve para casa.
A história de Maria Vitória não é única e pode se tornar mais frequente nos próximos meses no Brasil. Um levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude de Pernambuco, o estado com maior incidência de casos de microcefalia associados ao zika, mostrou que 77% das 209 mães de bebês com a má-formação estão abaixo da linha de pobreza.

Danielle Silva, coordenadora do Lar Rejane Marques, onde Maria Vitória está abrigada, diz que pretende dobrar o número de vagas da instituição, a única do Recife especializada em crianças deficientes. “Estamos buscando outra casa para atender essa demanda”, diz. Até o dia 23 de abril, 1.198 bebês com a má-formação tinham sido registrados no país desde outubro, quando começou a contagem dos casos. Crianças com microcefalia, no entanto, não são novidade nos abrigos brasileiros. Trata-se de uma condição que pode ser causada por vários fatores, como infecção por um vírus (toxoplasmose ou citomegalovírus, por exemplo) ou uma asfixia grave. Algumas mulheres, muitas vezes mesmo podendo gerar filhos biológicos, decidiram adotar essas crianças.
Karen não encontra atendimento especializado para o filho Moisés (Foto: Marie Claire)
É o caso da dona de casa Karen Isler, 27 anos, de Rio Claro, no interior paulista. Depois de passar por uma cesárea traumática no parto de sua filha Karielle, hoje com 9 anos, resolveu partir para a adoção para aumentar a família. Ela e o marido, o comerciante Alessandro Isler, entraram para o Cadastro Nacional de Adoção e buscavam uma menina de 2 a 5 anos. Uma conhecida, membro de um grupo de apoio à adoção de crianças especiais, contou para ela a história de um menino de 4 meses abandonado no Rio de Janeiro. O bebê foi encontrado em uma caixa de sapato na rua, levado para um abrigo e adotado por um casal. Com o passar do tempo, os pais adotivos perceberam que ele não se desenvolvia como o esperado. A microcefalia foi diagnosticada – a hipótese é a de que a mãe biológica tenha tido toxoplasmose na gravidez. O casal de meia-idade, justificando a incapacidade de cuidar do menino na vida adulta, o devolveu para o abrigo. Tocada, Karen decidiu pesquisar sobre a doença na internet. “Quase caí para trás com o que li”, diz. “Mas, quando vi a fotinho dele, sorrindo, chorei compulsivamente. Por mais que estivesse preocupada, não conseguia dizer não. Sabia que aquele bebê seria meu.” Contou seu plano para o marido. “No começo, hesitei. Mas também não resisti ao ver sua foto”, diz o pai. Assim que optaram pela adoção, o processo andou rápido. Dias depois a família dirigiu até o Rio de Janeiro para buscar o menino.
Quando percebe que vai convulsionar, Moisés me chama e diz: 'Não quero, não quero'"
Karen Isler, 27 anos, dona de casa
Hoje, aos 5 anos, Moisés tem desenvolvimento intelectual compatível com o do irmão Josué, o caçula (biológico) da família, de 1 ano e meio (depois de conversar com médicos e doulas, Karen resolveu engravidar novamente e tentar um parto normal). Moisés balbucia algumas palavras: mamãe, papai, Kaká (o apelido da irmã mais velha), tia, água. Sorri, anda sozinho, gosta de desenhar, brincar de Lego e adora batata frita. Karen conta que ele se desenvolveu bem até o primeiro ano de vida, quando começou a ter convulsões. Hoje, são cinco crises por dia. Nessas ocasiões, perde o controle do corpo e cai. Para proteger a cabeça, anda com um capacete. “É o décimo que usa em um ano”, afirma Alessandro, o pai. Por causa dos tombos, vive com cicatrizes no rosto e tem alguns dentes quebrados. O menino deixou de ir à escola em função das crises. No início do ano, entrou no que os médicos chamam de mal convulsivo, quando o paciente tem uma crise seguida da outra, com intervalo de minutos, e foi hospitalizado. “Eram umas cinquenta por dia”, diz o pai. Por causa da piora, Moisés passou a perceber quando vai convulsionar. Nessas horas, angustiado, começa a chamar pela mãe. “Ele olha nos meus olhos e fala: ‘Não quero, não quero’”, diz Karen, segurando o filho no colo depois de um episódio. “Quando vejo que está me chamando por causa disso, fico desesperada. Não há nada mais desesperador do que ver um filho pedindo ajuda e não poder fazer nada.”

Outro obstáculo que a família enfrenta é o preconceito. “Um dia, estava com o Moisés aqui na frente de casa, brincando, quando um senhor parou para falar com a gente”, conta o pai. “Virou-se para mim e disse: ‘Por que vocês decidiram adotar um filho aleijado?’.” Alessandro não disse nada ao senhor. “Só pensei: aleijado é quem não tem coração e é capaz de falar uma coisa dessas.”
FALTA DE ESTRUTURA
Os neuropediatras que atendem Moisés explicaram que a epilepsia é difícil de ser controlada com remédios. A maior parte do tratamento é feita fora de Rio Claro, onde vivem. Lá, a família não encontrou um neuropediatra capaz de acompanhar o caso. Também precisa viajar para fazer exames. A falta de estrutura dos hospitais brasileiros para atender pacientes com microcefalia preocupa os profissionais de saúde. “O país não tem condições de arcar com isso. E os médicos ainda precisam se especializar na doença. Os pacientes desse surto de microcefalia não terão lugar para se tratar”, afirma o neuropediatra Gustavo Valle, presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil. “Hoje não se faz sequer pré-natal em grande escala para monitorar e acompanhar gravidez e parto de risco. As UTIs de que esses bebês precisam estão apenas nos grandes centros.”
A primeira vez que vi Miguel meu coração quase saiu pela boca"
Aureni Barbosa, 42 anos, técnica de enfermagem
A técnica de enfermagem Aureni Campos Barbosa, de 42 anos, também pega a estrada para tratar Miguel, seu filho de 1 ano e 9 meses adotado em março do ano passado. Ele nasceu prematuro e com microcefalia (a causa é desconhecida) e foi abandonado na maternidade, onde respirava e se alimentava com a ajuda de aparelhos. “Trabalhava no mesmo hospital, mas em outro setor”, diz Aureni. Sem um adulto para ficar ao seu lado, a equipe médica organizou uma escala para assistir o menino. Aureni colocou-se à disposição. A técnica decidiu conhecêlo antes de seu plantão. Quando chegou ao quarto, sentiu o cheirinho inconfundível de bebê e viu Miguel, deitado no berço, de body branco e fralda. “Meu coração quase saiu pela boca. Não entendi aquele sentimento”, conta a baiana, que também é mãe de Laisla, 21 anos, e Igor, 19. “Ele não sentava, não sorria, era paradão. Ainda assim, fiquei totalmente envolvida. Não consegui mais parar de pensar nele, mal conseguia trabalhar.” Contou seus planos ao marido, que discordou. A insistência dela foi tanta que ele foi conhecer o menino. De cara, também se apaixonou pelo pequeno. Dias depois, a Justiça autorizou que o casal levasse Miguel para casa.

Hoje ele está aprendendo a sentar, não fala e ainda precisa de aparelhos para respirar e comer. “Fico com dor nas costas e nos braços de tanto que o carrego no colo. Não suporto vê-lo chorar. Ele já sofreu demais na vida”, diz a mãe. A equipe de médicos que o acompanha fica em Barreiras, a uma hora de Luis Eduardo Magalhães, cidade onde a família mora. Aureni pediu para ser afastada do trabalho e passa a maior parte da semana na cidade vizinha, na casa de seus pais.
  
A EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO
Hoje estima-se que apenas 2% das crianças adotadas no Brasil tenham algum tipo de deficiência. Embora a maioria dos pretendentes a pais não coloque nenhum tipo de restrição na hora de preencher a ficha de adoção, não se sentem aptos a levar uma criança com algum comprometimento ou má-formação para casa. Esse número, no entanto, mascara uma dura realidade. Das 48 mil crianças que vivem hoje em abrigos, apenas 5,5 mil estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). “Muitas vezes, meninos e meninas com doenças graves nem entram no CNA”, diz a psicóloga Lídia Weber, de Curitiba, que está escrevendo um livro a respeito. “São os próprios membros dos juizados que não os inscrevem porque acreditam que ninguém vai querer cuidar deles.”
Natália e Heliana com a filha Julia (Foto: Marie Claire)
A inserção dessas crianças em novas famílias, no entanto, vem crescendo no Brasil graças ao trabalho de ONGs e grupos de apoio à adoção tardia, de irmãos e de deficientes, os perfis menos visados pelos candidatos a pais. Foi por meio desse tipo de trabalho que a servidora pública Natália Paganini, 30 anos, e a empresária Heliana Queiroz, 46, de Juiz de Fora, adotaram o primeiro filho do casal, Érick, com síndrome de Down. “Quando fomos buscá-lo em São Paulo, estava hospitalizado. Fiquei três meses com ele na UTI, todo o tempo que viveu. Não conseguimos nem trazê-lo para casa”, diz Natália. O bebê morreu com 1 ano, ao lado da mãe. “Ficamos traumatizadas e declinamos de alguns telefonemas que recebemos nos meses seguintes com informações sobre crianças disponíveis. Precisávamos viver o luto”, diz Heliana.
Um ano após a morte de Érick, Natália e Heliana conversaram e decidiram que era hora de voltar aos planos de adotar outra criança. Uma semana depois, receberam um telefonema do Juizado de Menores de Belo Horizonte. Havia uma menina de um ano e meio, negra, com microcefalia – sua mãe biológica contraíra citomegalovírus – e portadora do vírus HIV disponível para adoção. “Comecei a chorar na mesma hora. É inexplicável. Sabia que aquela seria nossa filha”, diz Natália. “Quando vi a Natália chorando, mesmo sem saber com quem ela falava, sabia do que se tratava”, completa Heliana.

No dia seguinte, um sábado, elas foram para BH, mas só puderam conhecer Julia na segunda-feira. Heliana tinha voltado para o trabalho e Natália foi sozinha para o abrigo. “Quando cheguei, estava dormindo no berço. Fiquei muito emocionada, vê-la foi como um parto. Foi muito forte. Julia tinha a cabeça um pouco menor do que o normal, desproporcional ao rosto, era bem molinha, não sentava. Peguei-a no colo e, quando acordou, ficou desconfiada, assustada. Comecei a brincar e, logo, ela estava me mandando um beijo”. Durante toda a semana, Natália foi visitar a menina. “Fiquei sabendo que já tinha sido oferecida a outras famílias, que negaram. Além da má-formação, Julia teve de ser ressuscitada no parto e os relatórios sobre sua saúde eram desanimadores: diziam que viveria em estado vegetativo”, conta a servidora pública. “Na semana seguinte, tivemos de voltar ao abrigo para resolver um problema burocrático e quando percebeu para onde estávamos indo, Julia ficou nervosa. Me agarrou com força, não queria sair do colo. Ela tinha muito mais capacidade de se desenvolver do que imaginavam os médicos, afirma Natália.

Hoje com 2 anos, Julia faz fisioterapia, fonoaudiologia, equinoterapia, musicoterapia e natação. Também vai à escola. Não desenvolveu o vírus HIV. Sentou, engatinhou e anda sozinha. Fala a palavra mamãe. Vai ao parquinho e à praia. É risonha, alegre e beijoqueira. “Essas crianças que vêm de abrigo aprendem logo a chamar a atenção dos outros”, diz Heliana. “Acho que é um instinto de sobrevivência.”
MICROCEFALIA E O DESCONHECIDO
A relação entre o aumento de casos de bebês com microcefalia no Brasil e a infecção pelo vírus zika foi provada no mês passado. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis dos Estados Unidos reconheceu a ligação com base em um amplo estudo internacional. Já se sabia da ligação entre outros vírus, citomegalovírus e doenças como rubéola, sífilis e toxoplasmose com a má-formação. O neuropediatra Gustavo Valle conta que a maior parte dos bebês que nasce com a doença costuma ter problemas motores, visuais, auditivos, déficit intelectual e epilepsia. “A expectativa de vida varia: há tanto casos de adultos idosos com microcefalia como de crianças que não passam dos 3 anos”, afirma o médico. Ao sair do hospital com Miguel, a baiana Aureni ouviu um alerta preocupante. “Me disseram para ter consciência de que ele não viveria muito”, conta. “Todos os dias olho para o Miguel e penso nisso. Faço tudo o que posso para que seja independente, consiga respirar, comer, andar e falar sozinho. Mas meu maior sonho, na verdade, é de que ele chegue à vida adulta.”

Link da matéria: http://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2016/04/microcefalia-historia-das-familias-que-adotaram-criancas-que-sofrem-com-ma-formacao.html

quinta-feira, 28 de abril de 2016

S.O.S Zika e Microcefalia: "Coreia do Sul apresenta roupa especial contra o zika para a Olimpíada"

Esportes  Qua, 27/04/2016 às 09:41
Olimpíadas - Rio 2016
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  • Lee Jin-man | AP Photo
    Todos uniformes consistiam em calças e camisetas de manga longa ou casacos - Foto: Lee Jin-man | AP Photo
    Todos uniformes consistiam em calças e camisetas de manga longa ou casacos





A Coreia do Sul foi mais uma das nações a manifestar sua preocupação com o vírus zika durante a Olimpíada do Rio, este ano, e nesta quarta-feira mostrou que fará de tudo para tornar a vinda dos atletas ao Brasil mais segura. O comitê olímpico do país apresentou as roupas que serão utilizadas por sua delegação nos Jogos, já pensando no combate ao mosquito Aedes aegypti.
A entidade apresentou diversos tipos de vestimentas que serão utilizadas pelos atletas fora das competições no Rio, seja nas cerimônias de abertura e encerramento, em treinos ou em momentos de lazer na Vila Olímpica. E todas elas consistiam em calças e camisetas de manga longa ou casacos. Tudo para diminuir a possível área de atuação do mosquito no corpo.
O comitê ainda prometeu que todas as roupas serão embebidas em substâncias que atuarão como repelentes do mosquito e só lamentou que não tenha conseguido realizar mudanças nos uniformes que serão utilizados durante as competições. Mas garantiu que os atletas poderão usar repelentes mesmo quando estiverem em ação.
A epidemia do vírus zika no Brasil preocupa atletas e dirigentes e alguns nomes de peso já anunciaram que podem não vir ao País para a Olimpíada por conta deste problema. Já são mais de 90 mil casos prováveis de zika só em 2016 e o combate ao vírus, que pode causar microcefalia nos bebês de mulheres gestantes infectadas, por exemplo, segue tratado como prioritário.
Uma equipe enviada pelo governo sul-coreano visitou o Brasil e visitou os locais de competição e hospitais do Rio de Janeiro para inspecionar as condições e prevenir sua delegação contra o vírus zika. O comitê do país prometeu em breve divulgar um guia aos atletas explicando como se proteger da epidemia.



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S.O.S Zika e microcefalia: "Pernambuco terá R$ 3 milhões para pesquisas sobre Zika vírus"

Pernambuco terá R$ 3 milhões para pesquisas sobre Zika vírus

  • 28/04/2016 15h03
  • Recife
Sumaia Villella – Correspondente da Agência Brasil
Em Pernambuco, 21 projetos vão receber R$ 3 milhões de recursos estaduais para o desenvolvimento de pesquisas sobre o Zika vírus. O resultado do edital foi divulgado hoje (28) pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia (Facepe).
As propostas ganhadoras são da Universidade Federal de Pernambuco, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). As pesquisas, divididas em quatro áreas, têm diversos enfoques e valores diferentes.
A maior parte delas é relacionada ao vetor do Zika vírus, o mosquito Aedes aegypti. O maior valor, R$ 200 mil, vai para o desenvolvimento de nanolarvicidas de prata para o controle do inseto, projeto coordenado pelo professor do departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anderson Stevens Leônidas Gomes.
Outra categoria popular é a de diagnóstico, com vários métodos para detecção do Zika vírus - de análise sorológica a molecular. Há também quatro estudos epidemiológicos, ou seja, de fatores de distribuição e  frequência de doenças na população. Duas pesquisas do Imip foram aprovadas neste segmento: uma pretende identificar a relação entre nutrição e infecção, enquanto a outra trabalha com o papel de fatores ambientais na epidemia de Zika e microcefalia.
Integração de dados
Dois estudos foram contemplados na área de Plataformas Inteligentes para monitoramento e integração de informações. A pesquisadora Edna Natividade da Silva Barros, da UFPE, vai receber R$ 177.120 para desenvolver um sistema que reúna dados de várias instituições sobre as condições clínicas de crianças com microcefalia.
O edital foi lançado no dia 1o de março último, sendo considerado emergencial para atender ao atual momento de epidemia vivida no país, de acordo com o diretor-presidente da Facepe, Abraham Sicsu. “A gente fez em 30 dias o julgamento do edital. O processo é mais acelerado porque consideramos que a área é prioritária para manter os grupos de pesquisa que existem e trabalham com o tema”, explica, acrescentando que, junto aos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Pernambuco é o que vem se destacando nos estudos relacionados ao Zika vírus. O prazo de execução é de 18 meses. A assinatura dos contratos está prevista para 6 de maio.
Edição: Kleber Sampaio

S.O.S Zika e Microcefalia: Zika Vírus: associadas à FenaSaúde preparam redes de atendimento para os exames de detecção

Zika Vírus: associadas à FenaSaúde preparam redes de atendimento para os exames de detecção DESTAQUE

Zika Vírus: associadas à FenaSaúde preparam redes de atendimento para os exames de detecção
Brasileiros, com razão, estão bastante apreensivos com o atual quadro epidemiológico, preocupação partilhada pelas afiliadas à FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) – entidade representativa de operadoras de planos e seguros de assistência à saúde –, que estão empenhadas em assegurar aos beneficiários o atendimento adequado para diagnóstico e tratamento do Zika Vírus, respeitando os critérios da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As ações das associadas à Federação incluem o mapeamento e a mobilização de toda a rede de atendimento. Além disso, auxiliam os órgãos de saúde na identificação de pessoas que tenham sido internadas com suspeita ou confirmação da enfermidade.
A FenaSaúde participou ativamente no debate sobre Resolução Normativa (RN) da ANS que definirá o protocolo de solicitação para o exame de diagnóstico do Zika Vírus. O objetivo é atender os pacientes nos casos cientificamente indicados e seguindo os critérios estipulados, a fim de maximizar resultados e evitar desperdícios.
“Atualmente com 40% do total de beneficiários de seguros e planos no país, as afiliadas à FenaSaúde já estão promovendo as ações necessárias para cumprir a norma da ANS, oferecendo os melhores serviços que as configuram como operadoras de referência em qualidade para o mercado de Saúde Suplementar”, afirma Solange Beatriz Palheiro Mendes, Presidente da FenaSaúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou, recentemente, alguns testes laboratoriais para o diagnóstico do Zika Vírus, que têm metodologias distintas: uns detectam a quantidade de anticorpos e outros a presença direta do vírus. Como todos os exames laboratoriais estão sujeitos a falhas, a melhor forma de evitar o erro é a indicação precisa – ou seja, o quadro clínico deve sugerir a doença, e o prazo de coleta tem que ser dentro do recomendado pelo fabricante.
Qualquer exame fora do período indicado acarretará, inevitavelmente, a elevação de resultados falsos (positivos ou negativos), prejudicando pacientes e o trabalho das equipes de saúde. Assim, é preciso seguir sempre protocolos e diretrizes dos órgãos de saúde a fim de dar atendimento efetivo ao público a ser definido. Vale ressaltar que os exames não estavam previstos inicialmente no Rol de coberturas obrigatórias. Consequentemente, representarão custos adicionais ao sistema de Saúde Suplementar.
Hoje, no país, circulam simultaneamente os vírus da Dengue, da Chikungunya e da Zika. Os quadros clínicos e meios de transmissão dessas enfermidades guardam similaridade e podem causar efeitos cruzados nos diagnósticos laboratoriais. Não há, ainda, terapia medicamentosa, vacina ou conduta clínica que previna a infecção pelo Zika Vírus. A única forma de combate, por ora, é a eliminação dos focos de procriação do mosquito, uma responsabilidade de toda sociedade.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 85% dos focos são encontrados em residências particulares. Para contribuir com a disseminação de informação correta, a FenaSaúde está elaborando uma cartilha para esclarecer como identificar e eliminar esses criadouros. A publicação também tem como objetivo estimular gestantes a não deixar de fazer o pré-natal e seguir as recomendações médicas atuais.
Riscos do Zika Vírus para os bebês
A comunidade científica, assim como entidades do setor de saúde, está aprendendo diariamente sobre a dinâmica de infecção do Zika Vírus. Estudos vêm apontando risco médio de 1% de malformações neurológicas em fetos expostos à doença, o que pode ser significativo. Além disso, os quadros de paralisia flácida em crianças e adultos, conhecidos como Síndrome de Guillain-Barrè, vêm sendo relacionados a essa infecção.
Na maioria das vezes, é observado que o Zika Vírus é assintomático. Já quando há sintomas, os mais comuns são: febre, manchas avermelhadas pelo corpo, coceira generalizada e conjuntivite. Manifestações incomuns incluem dores articulares, musculares e cefaleia. Em geral, esses sinais são de curta duração, com variação de 3 a 5 dias nos casos sem complicações.
Infelizmente, segundo especialistas, não há ainda tratamento que previna ou impeça o desenvolvimento de malformações neurológicas em gestantes infectadas pelo Zika Vírus. Importante: os bebês que venham a apresentar Microcefalia associada à infecção – estando inclusos no plano materno ou outro – estarão cobertos para exames e procedimentos conforme determinam contratos e o Rol da ANS.
A conduta clínica e os procedimentos a serem adotados nessas situações são de responsabilidade da equipe médica de cada paciente. Por ocasião de bebês acometidos pela Microcefalia associada ao Zika Vírus, não há protocolo clínico de atendimento ou procedimento específico validado por associação médica ou órgão oficial de saúde. A FenaSaúde sempre estará à disposição para participar de discussões sobre o tema tão relevante para a sociedade brasileira.

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S.O.S Zika e microcefalia: "Líder em microcefalia, Pernambuco está longe do topo em ranking do zika"

Líder em microcefalia, Pernambuco está longe do topo em ranking do zika

Estado é o 19º. Doença já tem 91 mil registros no País, de acordo com Ministério da Saúde

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Wed Apr 27 01:00:00 BRT 2016 - Luiz Filipe Freire, da Folha de Pernambuco

Arte FolhaPE
O Ministério da Saúde (MS) divulgou, nesta terça-feira (26), pela primeira vez, o número de casos prováveis de zika no Brasil. Houve 91.387 registros entre 3 de janeiro e 2 de abril, mês em que se completa um ano da confirmação do vírus no País.
Mas não foi em todas as unidades federativas que a curva da doença acompanhou a alta incidência da microcefalia, embora ambas venham sendo associadas. Pernambuco, por exemplo, lidera o ranking da malformação em bebês (1.883 notificações), mas aparece em quinto na lista de locais com mais adoecimento pela virose (8.914), quando se leva em conta números da Secretaria de Saúde (SES). Considerando os quantitativos do MS - apenas 333 casos -, o Estado cai para 19º.
Para a SES, além da discrepância entre os números nacional e local, devido ao uso de sistemas diferentes para registro e ao fato de Pernambuco ter saído na frente nas notificações, vale ressaltar que os momentos de manifestação da doença e da malformação não são, por regra, equivalentes.
“Os casos de microcefalia que vemos agora são reflexo de sete, nove meses atrás, quando houve pico de dengue/zika. Mas é fato que, das três arboviroses, é da zika que temos menos registros. Esperamos que isso se reflita, daqui a alguns meses, nos casos de microcefalia”, explica o diretor de Controle de Doenças e Agravos da SES, George Dimech, acrescentando que está previsto o alinhamento de dados locais com os do MS.
    “Como fomos um dos primeiros a notificar, ficaria difícil, num primeiro momento, desmobilizar o que havia sido montado”, afirma. O gestor também destaca a necessidade de prudência ao avaliar números pelo fato de haver pacientes que não apresentam sintomas de zika e não aparecem nas estatísticas.
    Felipe Ribeiro
    Apesar de encabeçarem lista de casos da malformação em bebês, estados do Nordeste têm menos registros do vírus

































    Nacional
    A falta de conexão espacial entre zika e microcefalia também ocorreu com estados como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, que encabeçam a lista da malformação cefálica, mas aparecem abaixo da 10ª posição no ranking do zika. O mesmo não se pode dizer da Bahia, segundo lugar nas duas listas. Já o Rio de Janeiro é o estado com mais casos prováveis da virose (25.930) e o sexto em dados de microcefalia (415).
    Em todo o País, 7.584 gestantes foram atendidas com sintomas de zika. “Ainda não é possível ter ideia de quantas terão bebês com microcefalia. Até o momento, o maior número de casos foi em mulheres que tiveram a doença no primeiro trimestre de gestação”, disse o Diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do MS, Cláudio Maierovitch, em entrevista coletiva.
    A pasta reconheceu ainda que o registro de zika é menor que o real. Por outro lado, afirmou perceber uma redução no ritmo de notificações de dengue, zika e chikungunya de fevereiro para cá, um indício de que o auge da epidemia pode ter passado. “A expectativa é de que o nú­­­mero continue caindo, expressando o resultado das nossas ações, que foram intensificadas desde o início do ano”, declarou Maierovitch.