Brasil tem 1.168 casos confirmados de microcefalia e lesões neurológicas

Do UOL, em São Paulo
 Ouvir texto
 
0:00
 Imprimir Comunicar erro
O número de bebês com microcefalia ou alterações do sistema nervoso por causas infecciosas no país chegou a 1.168, segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (20) pelo Ministério da Saúde. Até a semana passada, eram 1.113 casos confirmados desde outubro de 2015.
O surto de crianças nascidas com problemas neurológicos está associado à epidemia de zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Há ainda outros 3.741 casos suspeitos em fase de investigação e 2.241 foram descartados.
Após a chegada da zika no país, o número de casos de microcefalia no país disparou. Entre os anos de 2012 e 2014, foram notificados nascimento de apenas 489 casos no Brasil. Mesmo se antes as notificações não eram obrigatórias – e levanta-se a hipótese de que esses dados são menores do que a realidade -, especialistas confirmam que os casos graves de microcefalia deram um salto no final de 2015 e início de 2016.
Na última semana, a OMS (Organização Mundial de Saúde) confirmou que o vírus da zika causa a microcefalia e lesões no cérebro de fetos de mulheres grávidas infectadas. Desde que a organização decretou emergência mundial para o vírus, já foram encontradas pessoas infectadas pelo vírus em 35 países, sobretudo na América do Sul e Central.  

Casos confirmados em 21 Estados

Os casos confirmados de microcefalia ocorreram em 21 Estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul) e no Distrito Federal.
No entanto, o Nordeste concentra 77,2% dos casos notificados. Pernambuco é o Estado com maior número em investigação (760), seguido da Bahia (647), da Paraíba (389), do Rio Grande do Norte (297), do Rio de Janeiro (294) e do Ceará (254).
Até o dia 16 de abril, foram registrados 51 mortes em decorrência de lesões cerebrais. Outros 165 óbitos continuam sendo investigados. 

Vírus mata neurônios em desenvolvimento

A Science publicou na semana passada uma pesquisa brasileira que mostra o vírus da zika atacando células de neurônios humanos. O estudo ajuda na explicação do elo entre a zika e o surto de casos de microcefalia e lesões neurológicas em bebês.
Células humanas responsáveis pelo desenvolvimento do cérebro foram infectadas pelo vírus em laboratório e tiveram seu desenvolvimento reduzido em 40%, quando comparadas a outras sem contato com o vírus. O resultado não se repetiu quando essas células foram expostas ao vírus da dengue, houve infecção mas não a morte das estruturas.

Vírus pode ter consequências em adultos

Além das consequências graves que o vírus da zika tem apresentado em gestantes, a doença também preocupa pelo aumento de complicações neurológicas em jovens e adultos que tiveram zika.
Desde que o vírus foi percebido no Brasil, aumentou o número de casos reportados de síndrome de Guillain-Barré, que provoca paralisia muscular. De acordo com o Ministério da Saúde, o país teve 1.868 internações pela síndrome em 2015 --29,8% mais que em 2014.
Há relatos ainda de pacientes que desenvolveram outras complicações neurológicas após serem infectados por zika. "Há casos de meningite, meningoencefalite, encefalites", explica Carlos Brito, pesquisador da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). 

ONDE O AEDES AEGYPTI PODE SE REPRODUZIR? FOCOS VÃO MUITO ALÉM DE VASINHO

Veja também