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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

S.O.S MICROCEFALIA: Alteração em exame após transfusão de sangue faz Campinas confirmar caso de zika

02/02/2016 18h32 - Atualizado em 03/02/2016 09h37

Alteração em exame após transfusão faz Campinas confirmar caso de zika

Vítima internada em UTI do HC da Unicamp apresentou queda de plaquetas.
Sangue foi doado por morador da cidade em abril de 2015, afirma secretaria.

Do G1 Campinas e Região
Campinas (SP) confirmou nesta terça-feira (2) que foi identificado o primeiro caso de zika vírus no município. Trata-se de um rapaz de 20 anos, morador da região sudoeste, que doou sangue ao Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em abril do ano passado.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o registro foi descoberto somente após um receptor, à época internado há três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), apresentar queda de plaquetas em exame - resultado atípico considerando-se quadro de saúde do paciente.
O secretário municipal de Saúde, Carmino de Souza, explicou que o doador de sangue não apresentava sintomas do zika vírus quando foi ao hospital, e depois disso também não fez nenhum comunicado sobre a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O caso é considerado autóctone, uma vez que o jovem se deslocou apenas por regiões do município.
Além disso, a transfusão também não gerou complicações para a saúde do receptor, habitante de Cosmópolis (SP), internado na instituição após sofrer politraumatismo (foi baleado).
Secretaria confirma caso de zika vírus em Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)Cármino (centro) e Carvalho (à direita) durante
coletiva em Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)
A alteração do exame, observada três dias após a transfusão, fez com que hospital realizasse processo de rastreabilidade para compreender a queda de plaquetas e identificar a origem do sangue doado.

Ao todo, 18 amostras foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e o resultado das análises foi comunicado ao município somente em 28 de janeiro.

"Nós podemos dizer que o zika vírus está circulando em nosso município provavelmente há alguns meses. Não sabemos em que intensidade, o quanto esse vírus impactou no número de casos de dengue no ano passado, tivemos uma grande epidemia, e acho que essa informação é importante para que a gente faça planejamentos daqui para frente", explicou o secretário em reunião na Prefeitura.

Intervalo para resposta
De acordo com Souza, o intervalo de quase nove meses entre ocorrência e divulgação do primeiro caso de paciente infectado pelo zika vírus deve-se às limitações e complexidade - uma vez que o receptor recebeu bolsas de sangue doadas por 18 pessoas no período de internação.
Aedes aegypti no laboratório da Oxitec, em Campinas. O mosquito é transmissor de doenças como a dengue, chikungunya e do vírus zika, causador da microcefalia (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)Aedes aegypti é transmissor da dengue, zika vírus
e chikungunya  (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
"Depois da positividade do paciente, foram separadas 18 amostras e 17 delas foram descartadas. O tempo foi do laboratório, não nosso. Com a limitação que temos hoje, numérica e metodólgica, os casos terão retardo entre momento e confirmação."

A Prefeitura informou que seis notificações de zika vírus ainda são investigadas pelo Instituto Adolfo Lutz, e não há prazo para os resultados. Outras 19 já foram descartadas.

"Diagnósticos são apenas por métodos moleculares, isso limita questão do diagnóstico. A disponibilidade de testes do Adolfo Lutz ainda é bastante reduzida no estado."

Cuidados e doação segura
O diretor técnico da Divisão de Hemoterapia do Hemocentro da Unicamp, Marcelo Addas Carvalho, explicou que o receptor do plasma com zika vírus não resistiu, porém, ele não teve nenhuma manifestação clínica da doença e a transfusão também não causou complicações.
"Era um paciente bastante grave e que, dentro da evolução clínica, apresentou exame alterado com plaquetas baixas, o que é compatível com dengue. Por questões de investigação científica foi solicitado exame para tentar caracterizar o quadro clínico", falou ao destacar que o resultado também era improvável, uma vez que o paciente estava internado há três meses na UTI.
Para Addas Carvalho, o resultado do processo é importante para caracterização epidemiológica da doença no município, e para reforçar medidas atreladas ao processo de doação de sangue.
A sede da Prefeitura Municipal de Campinas, SP (Foto: Toninho Oliveira / Prefeitura de Campinas)Campinas, SP, registrou 40 casos de dengue em
janeiro, diz secretário (Foto: Toninho Oliveira / PMC)
"É reforçar a relevância, para segurança transfusional, do acompanhamento de pacientes receptores de transfusão. E do compromisso dos doadores, além de manter os estoques que são indispensáveis, nos informarem no período de até 15 dias após a doação se eles apresentarem alguma manifestação clínica de um quadro infeccioso, febre ou qualquer outra", falou.

Segundo ele, não há necessidade de alterar processos no Hemocentro da Unicamp. "Nosso processo está bem estruturado, consegue identificar efeitos colaterais e garante à população sangue seguro e em quantidade suficiente", destacou o diretor.

Carvalho mencionou que outros dois pacientes receberam o sangue doado pelo morador de Campinas, e eles não apresentaram sintomas. Um deles morreu porque estava em estado grave, enquanto o outro paciente, que era de fora do estado, não foi localizado após sair do HC.

Mudanças
De acordo com Carmino de Souza, o município registrou 40 casos confirmados de dengue em janeiro, e outros 130 foram descartados. O plano do Executivo é tentar, "na medida do possível",  testar todos os casos negativos para apurar se os pacientes foram infectados com zika vírus.

"Não sei em qual ritmo, porque depende do Adolfo Lutz. Nós temos uma janela muito estreita de diagnóstico. Provavelmente muitos não serão identificados", falou o secretário.

Microcefalia
Em relação aos casos de microcefalia, Campinas acumula 22 notificações desde o ano passado, das quais 15 são de moradores da cidade. De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), três deles podem estar associados ao zika vírus, mas não há previsão de quando os resultados devem ser divulgados pelo Instituto Adolfo Lutz. Para agilizar análises dos casos, o município discute parceria com o Instituto de Biologia, da Unicamp.

"Por enquanto, nenhum está confirmado", falou a diretora do departamento, Brigina Kemp.

Balanço estadual
De acordo com a Secretaria da Saúde do estado, 17 casos estão em investigação, e destes, pelo menos um é de Campinas. No entanto, de acordo com a pasta, ainda não é possível afirmar se eles são autóctones ou importados (quando a infecção ocorre em outro estado).
No ano passado, segundo a pasta, foram quatro casos confirmados autóctones de zika vírus no estado, dois deles em Sumaré (SP).
Microcefalia
Já sobre as ocorrências de microcefalia, segundo a pasta, foram 126 notificações de novembro de 2015 a janeiro deste ano.
Das notificações, 21 estão associadas a uma possível infecção por zika vírus. Entre os casos, na região, há registros em Campinas, Mogi Guaçu (SP), Estiva Gerbi (SP) e Sumaré (SP).
No país
O Ministério da Saúde investigava 3.448 casos suspeitos de microcefalia em todo o país até a quarta-feira (27). O boletim divulgado apontava também que 270 registros já tiveram confirmação da malformação, sendo que seis com relação ao vírus zika.
Outros 462 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 4.180 ocorrências de microcefalia foram registrados até 23 de janeiro.
Combate ao mosquito Aedes Aegypti na região de Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)Combate ao mosquito Aedes aegypti na região de Campinas  (Foto: Reprodução / EPTV)

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