FAV constata lesão ocular em 40% dos bebês com microcefalia ligada ao zika
Duas alterações mais comuns são atrofia da retina e alteração pigmentar.
Das 40 crianças com a malformação ligada ao zika, 40% tem um dos casos.
O resultado preliminar de uma pesquisa desenvolvida a partir do acompanhamento de bebês com suspeita de microcefalia na Fundação Altino Ventura, no Recife, mostra que cerca de 40% dos casos de microcefalia relacionada ao zika vírus tiveram problemas anatômicos na formação dos olhos. Os médicos buscam entender o quanto essas lesões prejudicam a visão dos bebês.
A Fundação vem realizando mutirões de atendimento, sendo o terceiro deles nesta segunda-feira (11). Desde dezembro do ano passado, foram atendidos 79 bebês com suspeitas de microcefalia. Os exames de 55 foram concluídos. A malformação de 40 destes bebês está relacionada ao zika vírus e, destes, cerca de 40% apresentaram problemas na visão.
O professor de Oftamologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Maurício Maia, ressalta que essa é a primeira vez que um grupo de pesquisas descreve graves lesões nos olhos provocados pela microcefalia associada ao zika. “Na medicina isso ainda não era conhecido nesta doença. O comprometimento da visão vai ser avaliado ainda, mas as lesões são muito sugestivas de que haverá uma perda da visão muito significativa em alguns destes pacientes”, avalia Maia.
As duas alterações mais comuns, segundo os pesquisadores, é a atrofia da retina, que parece uma espécie de cicatriz, e a alteração pigmentar, que são manchas na retina. “A estrutura cerebral neurológica estando comprometida, compromete também o nervo ótico e as canárias da retina. A visão das crianças se torna deficitária”, explica a presidente da fundação, Liana Ventura.
Exames
Os bebês que passaram pelas primeiras avaliações começaram, nesta segunda (11), uma nova bateria de exames. Os realizados agora são os funcionais, pra saber qual é o grau de comprometimento da visão de cada um deles. Os especialistas também querem saber quais as outras alterações que a microcefalia associada ao zika vírus provocou nos bebês.
Os bebês que passaram pelas primeiras avaliações começaram, nesta segunda (11), uma nova bateria de exames. Os realizados agora são os funcionais, pra saber qual é o grau de comprometimento da visão de cada um deles. Os especialistas também querem saber quais as outras alterações que a microcefalia associada ao zika vírus provocou nos bebês.
Além dos exames de visão, os bebês estão passando por pelo teste da orelhinha, para saber se a audição foi comprometida pela microcefalia. Uma das crianças atendidas foi Pedro Herinque, de um ano, que apresentou um déficit da audição no ouvido esquerdo. A mãe dele, a enfermeira Alexsandra Coutinho, conta que teve zika no quarto mês de gestação.
Alexsandra afirma que o desafio agora é conseguir dar ao filho o melhor acompanhamento possível. “Agora é cuidar, fazer todas as terapias possíveis pra ver se ele tem um desenvolvimento melhorzinho”, afirma.
No mutirão desta segunda (11), passam por exames iniciais 50 bebês. Além da nova bateria de exames, as crianças que já estão sendo atendidas pela Fundação Altino Ventura começam agora também terapia.
O último balanço divulgado pela Secretaria de Saúde de Pernambuco aponta que, até o dia 2 de janeiro, foram notificados 1.185 casos da malformação. Recife ainda lidera o ranking estadual de notificações de bebês com microcefalia, com 225. Na sequência, aparecem Jaboatão dos Guararapes (74), Caruaru (43), Olinda (34), Garanhuns (27) e Goiana (26). Outros 175 municípios também notificaram casos.
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