Por : Marcia Meirellys
Atendendo a pedidos dos acadêmicos de Psicologia, TV PSI ira
publicar à partir de hoje, pesquisa sobre algumas síndromes. Tanto serve como
ferramenta de estudo e de conhecimento, oferecendo aos estudantes de
Psicologia e áreas afins,o conhecimento, inclusive você, leitor da
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Boa leitura!
Contar mentiras pode ser transtorno psicológico, saiba mais
Thaís Sabino
Inventar uma história sobre como os bebês são feitos para o filho ou
dizer que se lembrou do aniversário de casamento, mas não teve tempo de comprar
presentes tudo bem. Mentiras, até certo ponto, são recursos usados para ajustar
situações e evitar dores, disse o psiquiatra mestre e doutorando do
departamento de psiquiatria da Unifesp, Adriano Resende Lima. No entanto,
contar histórias falsas de forma sistematizada é uma doença, conhecida como
mitomania.
Viver em um ciclo de mentiras e fazer delas um modo de viver é um
problema. "A pessoa cria situações falsas, vivencia a mentira, cria uma
realidade paralela e acredita nela", explicou Lima. Os sintomas podem se
assemelhar aos da esquizofrenia, mas enquanto na mitomania a pessoa se sente
confortável e realizada com a realidade paralela, na esquizofrenia ela sofre de
paranoia. "Os funcionamentos são muito distintos, a esquizofrenia está
ligada ou neurodesenvolvimento e tem vários estados de delírio, a mitomania é
mais ligada ao funcionamento psíquico", disse ele.
O caso retratado no filme brasileiro VIPs foi
inspirado na história de Marcelo Nascimento da Rocha que se passou por filho do
dono da Gol, durante o carnaval de Recife em 2001. Rocha teve cerca de 16
identidades diferentes e, segundo o psiquiatra, exemplifica bem do que se trata
a doença: mentir compulsivamente e usufruir das histórias.
O problema também não pode ser confundido com ações de estelionatários e
corruptos que sabem que estão fazendo algo errado, mas cometem estes erros para
se beneficiar dos golpes. O mitômano tem uma espécie de delírio, segundo Lima.
"Ele cria uma fantasia e acredita que ela seja real", explicou,
"até que confronta com está criação e tem um momento de serenidade, é
um transtorno dissociativo", acrescentou.
No começo é uma "mentirinha"
O que a professora do Instituto de Psicologia da USP, Leila Tardivo,
explica é que para toda mentira existe uma razão. "Mesmo quando o filho
mente sobre a nota que tirou na escola. Ele mente por medo de punição, falta
confiança na relação entre os pais e ele", disse ela. O mitômano, segundo
ela, tem dificuldade em aceitar a própria realidade. "Ele tem baixa
autoestima, não se aceita", disse.
Não existe apenas uma causa da mitomania, é um conjunto de fatores que
provocam o problema. "As causas são multifatoriais: histórico de vida,
relacionamentos, primeiras impressões dos pais, padrão de relação parental,
genética, experiências", enumerou o psiquiatra Adriano Resende Lima.
Segundo o psiquiatra, são múltiplas as causas da doença. Um trauma, por
exemplo, pode provocar o problema: "a pessoa cria uma realidade falsa para
se defender da experiência traumática", explicou.
Grande parte dos adolescentes passa pelo período de
"pescador", quando conta que "os peixes são maiores do que na
verdade são". De acordo com Lima, a mitomania pode despertar na fase da
puberdade, adolescência ou até em adultos. No entanto, é mais comum o surgimento
entre jovens. Mesmo assim, contar vantagens para impressionar os amigos não se
enquadra nos sintomas da doença. "Exagerar no que conta para os amigos é
considerado normal", disse Lima.
Tratamentos
Segundo Leila, a compreensão das pessoas ao redor do paciente é
importante. Se viver a verdade afastará amigos, trará punição ou
constrangimento, o tratamento é dificultado. "É preciso fazer a reinserção
social da melhor maneira possível", disse ela. A mitomania é uma alteração
do pensamento, algo que, segundo a psicóloga, o indivíduo cria e começa a
acreditar. "É preciso trazê-lo à realidade", disse.
A maioria dos pacientes passam apenas por terapia para tratar a doença,
poucos são os casos em que são necessários medicamentos, segundo o psiquiatra
Adriano Resende Lima.
Foto: Getty Images
Mitômanos criam realidade paralela para se sentirem confortáveis
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