FREUD - BIOGRAFIA Neurologista e psiquiatra austríaco, fundador da psicanálise. Sigmund Freud, nasceu a 6 de Maio de 1856, em Freiburg, e morreu em Londres a 23 de Setembro de 1939. Aos 4 anos partiu com a sua família para Viena, onde passou a maior parte da sua vida. Quando terminou os seus estudos secundários, optou pelo curso de medicina, tendo assim decidido após leitura de um ensaio de Goethe sobre a natureza. Em 1873 ingressou na universidade, sofrendo restrições devido à sua condição de judeu. De 1876 a 1882 trabalhou no laboratório de fisiologia com Ernest W. von Brucke (1819/1892), concentrando-se em pesquisas sobre a histologia do sistema nervoso. A essa altura, já revelava grande interesse pelo estudo das enfermidades mentais, bem como pelos métodos utilizados no seu tratamento. A necessidade de ganhar a vida obrigou-o a abandonar a pesquisa e a dedicar-se à clínica psiquiátrica. Sentindo as limitações de Viena em relação às possibilidades de aprefeiçoamento, concebeu o plano de viajar para Paris, a fim de assistir aos cursos proferidos por Jean Martin Charcot (1825/1893). Para tal, dispôs-se a conseguir o título de Duzent em neuropatologia, título que obteve em 1885. No mesmo ano conseguiu uma bolsa para um período de especialização em Paris. Pouco antes, em 1884, dedicava-se à pesquisa das propriedades de um alcalóide, então pouco conhecido - a cocaína. A necessidade de rever a noiva, de quem se afastara havia dois anos, obrigou-o a interromper as investigações, que entregou a dois colegas, um dos quais, Carl Koller (1857/1944), que veio a descobrir as propriedades anestésicas do alcalóide. Significativa, ainda, foi a sua experiência como assistente de Theodor H. Meynert (1833/1892), iniciada em 1833. A permanência de Freud em Paris teve para ele grande importância. Segundo o seu próprio relato, foi Charcot que lhe chamou a atenção para as relações existentes entre a histeria e a sexualidade, tese de que nunca abriu mão. Por ocasião de sua estadia com Charcot, concebeu o plano de um trabalho destinado a distinguir as paralisias orgânicas das histéricas. A ideia central era demonstrar que, na histeria, as paralisias e as anestesias das diversas partes do corpo são delimitadas segundo a representação popular, isto é, não anatómica que o leigo formula. A tese de Charcot, de que a histeria não representava enfermidade exclusiva da mulher, foi, por igual, inteiramente absorvida por Freud, valendo-lhe violentas críticas dos meios médicos de Viena, quando a expôs, logo após o seu regresso. A preocupação de se aperfeiçoar no uso da técnica da hipnose levou-o a procurar estágio em Nancy, junto de Hyppolyte Bernheim (1837/1919). As influências que recebeu revelaram-se extremamente significativas, justificando-se a sua afirmação de ser herdeiro legítimo da chamada escola de Nancy. Alguns dos seus achados mais importantes, produzem-se sob a inspiração dos experimentos realizados por Bernheim, incluindo-se entre eles o conceito de resistência. O período que se estende de 1882 a 1896 é marcado por intensa colaboração com Joseph Breuer (1842/1925), que criara um método catártico e descobrira a íntima relação existente entre os sintomas histéricos e certos traumatismos de infância. Freud absorveu as contribuições de Breuer, com ele publicando dois trabalhos, dos quais o mais célebre foi o intitulado "Studien uber Hysterie" (1895; "Estudos sobre a Histeria").Em 1896, Freud rompeu com Breuer e a seguir estabeleceu cooperação com Wilhelm Fliess (1858/1928), com quem igualmente romperá por volta de 1900. INTRODUÇÃO Neste trabalho vamos expôr a teoria psicanalítica de Freud, com o intuito de termos um conhecimento um pouco mais aprofundado sobre este assunto. Faremos uma referência sobre a vida de Freud. Quanto à sua teoria, referiremos as suas influências e antecedentes, falaremos da sua teoria e dos métodos utilizados, das suas contribuições e limitações. De uma maneira breve, falaremos de alguns dos seus seguidores mais importantes. ANTECEDENTES E INFLUÊNCIAS Os dados que em seguida vão ser apresentados, contribuiram para o aparecimento e desenvolvimento da psicanálise, pois foram estes que influenciaram Freud (considerado o grande fundador da psicanálise), levando-o a desenvolver toda a sua doutrina. Freud explorou um campo em psicologia que nunca havia sido explorado - o inconsciente - apresentando pela primeira vez uma visão dinâmica do psiquismo. No entanto, há que referir que Freud definiu gradualmente o conceito de inconsciente, e para essa definição contribuiram diversos trabalhos e experiências realizadas por médicos e psicólogos, os quais Freud teve oportunidade de conhecer. Não se pode dizer que a ideia de inconsciente tenha surgido só com Freud, pois já em 1647, Descartes admitiu que certos acontecimentos dos quais não tomara conhecimento na altura da sua ocorrência pudessem influenciar os seus comportamentos futuros. Também Leibniz, uns anos mais tarde defendeu a existência de uma série de percepções das quais o ser humano não se apercebe. Estas duas opiniões denunciam já a existência da algo inerente ao homem (que o próprio homem desconhece), que mais tarde viria a ser denominado inconsciente. Só no século XX, é que os psicólogos começaram realmente a interrogar-se sobre a possibilidade da existência de fenómenos psíquicos dos quais não se tem consciência. O filósofo e psicólogo Ribot e o médico Pierre Janet, através de experiências no campo da psicopatologia, conseguiram demonstrar a existência de actividade psíquica não consciente (conseguiram que em alguns dos seus pacientes, se manifestassem, em vigília, comportamentos que anteriormente foram sugeridos sob hipnose). Jean Martin Charcot, foi um neurologista e professor, que exerceu uma grande influência sobre Freud. Sabia-se que determinados acontecimentos na vida do sujeito lhe podiam causar perturbações no comportamento. Charcot havia explicado essas pertubações com base em doentes, vítimas de "paralisia histérica" (paralisia devida a uma causa não orgânica). Segundo ele, a causa da paralisia não seria o acontecimento em si, mas a lembrança que o sujeito teria desse mesmo acontecimento. Este facto fazia dislumbrar a hipótese de um possível tratamento psicológico, dado que a lembrança actual do doente podia ser provavelmente modificada pelo médico. Janet levou a cabo trabalhos com o objectivo de confirmar a hipótese levantada por Charcot. Janet analisou as perturbações dos seus doentes, e verificou que, por vezes, o paciente não estava consciente da recordação traumatizante e só depois de o hipnotizar conseguia ter acesso ao acontecimento responsável pela perturbação. Charcot foi também o responsável pela modificação de ideias aceites até ao século XIX. Uma delas foi definida por Hipócrates (século V a.C.), que afirmava que a histeria consistia numa série de perturbações variadas, relacionadas com a sexualidade feminina. Outra ideia que vigorou até ao século XIX, era o facto de se julgar que as perturbações psíquicas eram devidas a lesões no sistema nervoso. Perante isto, Charcot realizou uma série de experiências e um estudo clínico sobre a histeria no Hospital de Salpêtrière, conseguindo eliminar esta última através da hipnose. Ele defendia, portanto, que a histeria não era especificamente feminina e não tinha uma causa orgânica. Foi ainda com Charcot, que as neuroses ganharam identidade. Ele definiu-as como doenças funcionais do sistema nervoso, e como tal era necessário descobrir as forças psíquicas envolvidas. Freud foi um dos responsáveis por dar continuidade ao estudo das neuroses, através da sua dinâmica analítica. Adquiriu ainda vários conhecimentos com Charcot a respeito da hipnose e da histeria, aquando do seu estágio no Hospital de Salpêtrière. Hippolyte Marie Bernheim foi um grande psicoterapeuta que influenciou Freud na utilização da hipnose como método terapêutico. Uma das experiências que Bernheim executou e à qual Freud teve a opurtunidade de assistir, foi muito significativa para a elaboração do conceito de inconsciente. A experiência foi a seguinte: Bernheim sugeriu, sob hipnose, a um seu paciente, que no dia seguinte e a uma dada hora, voltasse com um guarda-chuva e o abrisse na sala à frente de todos. No dia seguinte, o paciente voltou e cumpriu rigorosamente as instruções, que sob hipnose lhe haviam sido dadas na véspera; apercebendo-se do que estava a fazer, logo tentou espontaneamente justificar-se, alegando que trouxera o guarda-chuva por considerar o tempo instável, o que não correspondia à realidade, e que o abrira para verificar o seu estado de conservação. Esta experiência sugere que as ideias produzidas em camadas profundas da mente humana, das quais o sujeito não se lembra, mantenham a sua força e influenciem o comportamento observável. Apesar de todas as influências atrás mencionadas, vai ser com Joseph Breuer que Freud vai aprofundar os seus conhecimentos, publicando em conjunto "Estudos sobre histeria". Breuer era um fisiologista, que utilizava a hipnose como terapia, e entre os seus pacientes encontrava-se uma jovem, Anna O.. que sofria de graves perturbações histéricas. As observações feitas por Breuer, neste caso, também contribuiram para a formação de ideias que constituem a base da psicanálise. Anna O. apresentava diversos sintomas entre os quais mencionamos os seguintes: contrações, paralisia de diversos membros, tosse nervosa, impossibilidade de beber e de ver, esquecimento do seu idioma (alemão), entre outros. Breuer verificou que a paciente quando se encontrava em crises de confusão mental, proferia frases que pareciam traduzir a emergência de sentimentos opostos. Então, Breuer quando a hipnotisava repetia-lhe as frases que ouvira anteriormente, e como resultado desta experiência ele obteve o relato de sentimentos que a doente sentira no passado e que não admitia ter tido. Assim, a paciente, ao verbalizar os sentimentos culposos, durante a hipnose, que eram responsáveis pelo aparecimento dos sintomas, conseguia que estes fossem desaparecendo progressivamente. Outro exemplo relativo ao aparecimento de sintomas é o da incapacidade de beber, que Anna O. apresentava. Este sintoma desapareceu quando a paciente relatou a Breuer uma situação em que havia visto um cão de uma pessoa que ela não gostava a beber por um copo, o que lhe causou uma grande repugnância. Freud, com base nestes dados, considerou que a histeria seria provocada pela retenção no inconsciente do doente, de lembranças traumáticas. Dado o seu carácter penoso, estas recordações seriam reprimidas, não se podendo exprimir. A energia bloqueada manifestar-se-ia em vários sintomas. Os factos atrás mencionados, permitiram que a noção de inconsciente se fosse deitando aos poucos na cabeça de Freud. Este conceito é considerado básico para a compreensão da psicanálise. O inconsciente seria, portanto, uma zona do psiquismo não acessível à memória consciente. Neste ficariam gravados factos aparentemente esquecidos, que estariam reprimidos, mas manteriam toda a sua potencialidade, causando sintomas diversos e influenciando comportamentos futuros. O simbolismo é outro conceito da psicanálise que pode ser "observado" no caso de Anna O.. Os sintomas que Anna apresentava eram representações simbólicas de acontecimentos ou conflitos reprimidos. Apresentamos como exemplo, o facto de ela não querer chorar à frente do pai (quando este se encontrava doente), para não o preocupar, o que se traduziu na incapacidade para ver. Verifica-se, portanto, que o conflito reprimido se ma |
terça-feira, 11 de junho de 2013
FREUD E A PSICANÁLISE
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