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quinta-feira, 31 de março de 2016

S.O.S ZIKA E MICROCEFALIA: INÉDITO!! "Cientistas revelam estrutura do vírus da zika pela primeira vez". Estrutura é parecida com a do vírus da dengue e da febre amarela. Diferenças identificadas são essenciais para entender ação da zika.

31/03/2016 15h00 - Atualizado em 31/03/2016 15h00

Cientistas revelam estrutura do vírus da zika pela primeira vez

Estrutura é parecida com a do vírus da dengue e da febre amarela.
Diferenças identificadas são essenciais para entender ação da zika.

Do G1, em São Paulo


Imagem é representação da superfície do vírus da zika; equipe de cientistas conseguiu determinar a estrutura do vírus pela primeira vez  (Foto: Universidade Purdue/Cortesia)Imagem é representação da superfície do vírus da zika; equipe de cientistas conseguiu determinar a estrutura do vírus pela primeira vez (Foto: Universidade Purdue/Cortesia)
Pela primeira vez, cientistas conseguiram determinar a estrutura exata do vírus da zika. Muito parecida com a dos outros flavivírus, como dengue, febre amarela ou Oeste do Nilo, a estrutura do vírus da zika apresenta diferenças em uma região específica, o que os cientistas acreditam poder explicar as peculiaridades na transmissão e manifestação da doença.
O trabalho – feito por pesquisadores da Universidade Purdue e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) – foi publicado nesta quinta-feira (31) na revista “Science” e pode ter um impacto importante no desenvolvimento de tratamentos, vacina e diagnóstico.
A técnica usada para se chegar a esse “mapa” do vírus da zika foi a microscopia crioeletrônica, que conseguiu revelar a estrutura do vírus em uma resolução quase atômica. A técnica envolve a observação de amostras por microscopia eletrônica em temperaturas extremamente baixas, o que permitiu obter imagens com maior resolução.
De modo geral, a estrutura revelada é muito parecida com a de outros flavivírus: um genoma de RNA envolto por uma membrana rica em lipídio dentro de uma estrutura de proteína em forma de icosaedro (figura tridimensional de 20 faces).
A principal diferença identificada entre a estrutura do vírus da zika e outros flavivírus foi em relação a uma proteína-chave da superfície. Para o pesquisador da Universidade Purdue Devika Sirohi, um dos autores do estudo, observar essa diferença pode levar ao entendimento de por que o zika parece ser capaz de invadir o sistema nervoso de um feto em desenvolvimento, levando à microcefalia, diferentemente de outros flavivíurus.
 Imagem feita com crioscopia eletrônica do vírus da zika  (Foto: Universidade Purdue/Divulgação)Imagem feita com crioscopia eletrônica do vírus da zika (Foto: Universidade Purdue/Divulgação)
“Não está claro como o vírus da zika tem acesso a essas células e as infecta, mas essas áreas de diferença estrutural podem estar envolvidas. Essas áreas peculiares podem ser cruciais e pedem mais investigação”, diz Sirohi.
Vários grupos de pesquisa já fizeram o sequenciamento completo do genoma do vírus da zika, mas a estrutura do vírus permanecia desconhecida. Identificar essa estrutura permite entender como exatamente o vírus interage com as células humanas, quais proteínas na superfície do vírus, por exemplo, permitem que ele se ligue ás nossas células.
A cepa do vírus usada no estudo foi isolada de um paciente que foi infectado no surto que acometeu a Polinésia Francesa entre 2013 e 2014. Segundo os pesquisadores, existe uma grande similaridade entre os vírus que circularam nessa epidemia e os que têm sido identificados no Brasil.
Potencial terapêutico
O pesquisador Richard Kuhn, um dos autores do estudo e diretor do Instituto Purdue para Inflamação, Imunologia e Doenças Infecciosas, observa que determinar a estrutura do vírus promove um grande avanço na compreensão do vírus da zika, do qual se sabe pouco até o momento, e indica as áreas mais promissoras de pesquisa.
“A estrutura do vírus fornece um mapa que mostra regiões potenciais do vírus que poderiam ser alvo de um tratamento terapêutico, ser usadas para criar uma vacina efetiva ou para melhorar nossa habilidade para diagnosticar e distinguir a infecção por zika de outras por vírus parecidos”, diz Kuhn.

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