Powered By Blogger

quarta-feira, 30 de março de 2016

S.O.S Zika e Microcefalia: "Vírus Zika “é causa biológica” da microcefalia, confirma novo estudo". A descoberta é uma “prova adicional da ligação entre a infecção do vírus Zika e a microcefalia”, diz ao PÚBLICO Olli Vapalahti, virologista da Universidade de Helsínquia (Finlândia) que liderou o estudo

Vírus Zika “é causa biológica” da microcefalia, confirma novo estudo

Estudo em grávida identificou a presença do vírus Zika no cérebro do feto que tinha problemas de desenvolvimento.
Redes mosquiteiras na cama servem para evitar picadas nocturnas de mosquitos que transmitem o Zika LUIS ROBAYO/AFP
O caso de uma mulher grávida infectada pelo vírus Zika permitiu aos cientistas dar mais um passo na ligação entre o vírus e os casos recentes de recém-nascidos com microcefalia. Os médicos seguiram de perto a mulher e identificaram um subdesenvolvimento do cérebro por volta do quinto mês de gravidez. Após a interrupção da gestação, a equipa de investigadores isolou o vírus no cérebro do feto, algo até agora inédito, relata um artigo científico publicado nesta quarta-feira na revista New England Journal of Medicine.  
A descoberta é uma “prova adicional da ligação entre a infecção do vírus Zika e a microcefalia”, diz ao PÚBLICO Olli Vapalahti, virologista da Universidade de Helsínquia (Finlândia) que liderou o estudo. Segundo o investigador, a equipa demonstrou o segundo postulado de Robert Koch (microbiologista alemão do século XIX que definiu as regras para se provar que um agente patogénico é responsável por uma doença) — que exige isolar o microorganismo do doente e cultivá-lo no laboratório.
Os cientistas fizeram isso: retiraram o vírus do cérebro do feto e ele multiplicou-se em células cultivadas em laboratório. Além disso, não encontraram outros microorganismos no feto. “Por isso, a causa biológica é bastante óbvia”, acrescenta Olli Vapalahti. “São necessários mais resultados com força estatística para os estudos epidemiológicos e talvez trabalho experimental feito em modelos animais [para se provar completamente a ligação].”
O Zika expandiu-se pelas Américas nos últimos anos e é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti. Pode causar febre, dores, mal-estar e borbulhas. No Brasil, com o aparecimento da epidemia houve um aumento de bebés que nasceram com a cabeça e o cérebro mais pequenos do que o normal. Estes recém-nascidos com microcefalia irão ter dificuldades cognitivas, na fala e no comportamento. Nos últimos meses, cientistas de todo o mundo têm tentado perceber as causas do problema.

Necessárias várias ecografias

O novo caso permitiu seguir de perto o desenvolvimento de um feto de uma mulher finlandesa de 33 anos infectada com o vírus numa viagem à América Central, no final de Novembro último. Tanto ela como o marido foram picados por mosquitos. Na primeira semana de Dezembro, ambos desenvolveram os sintomas típicos da infecção pelo Zika.
A partir de então, a mulher e o feto, então na 12ª semana de gestação, foram seguidos pelos médicos. Uma análise ao soro da mulher revelou a existência de material genético do vírus Zika. Enquanto isso, ecografias na 12ª, 16ª e 17ª semanas mostraram que o feto estava a ter um desenvolvimento aparentemente normal. Infelizmente, uma nova ecografia perto da 20ª semana revelou que o cérebro tinha crescido menos do que o suposto.
“Como estávamos no início deste processo, a microcefalia estava ainda a surgir”, diz Olli Vapalahti. Com esta informação, a gravidez foi interrompida e o feto foi analisado, identificando-se no cérebro, além de neurónios mortos, células do sistema imunitário e o vírus Zika.
Quando a gravidez foi interrompida, os testes feitos à mulher mostraram que ela ainda continha o vírus Zika, apesar de os sintomas da doença terem desaparecido há quase dois meses. Os cientistas acreditam que os vírus detectados eram provenientes do feto. O que parece ter acontecido é que o Zika manteve-se a replicar no cérebro do feto, que não tinha um sistema imunitário desenvolvido capaz de debelar a infecção, e depois passou, de novo, para a mulher.
O problema é que as ecografias só detectaram uma alteração no desenvolvimento do feto quase dois meses após os sintomas da mulher. Este tipo de vigilância por ecografias será difícil de fazer em regiões pobres de países com a epidemia, que são as mais afectadas pelos mosquitos e pelo Zika. No entanto, o novo trabalho mostrou ser possível identificar o vírus no sangue da mulher. Por isso, Olli Vapalahti espera que um teste ao Zika feito às grávidas facilite “a triagem das que têm um feto com problemas de desenvolvimento”.
   

segunda-feira, 28 de março de 2016

Projeto espetacular na FANESE, trata-se do "Novo Projeto - Cursos de Extensão - PÓS FANESE: TORRE DE BABEL". Confira! Você vai se apaixonar!

Novo Projeto - Cursos de Extensão - PÓS FANESE: TORRE DE BABEL- Cursos de Linguagens Certificado de 40 horas 10 aulas 3 meses Nível: INICIANTE 
Investimento: 3 x R$ 80,00. 

Público-alvo: Qualquer pessoa interessada em iniciar trajetória de estudos em Libras ( Prof. Me. Alex Reis), Português ( Profa. Ma. Glicia Kelline e Prof. Valdício de Oliveira) Inglês ( Profa. Helen Dos Anjos ), Espanhol ( Profa. Esp. Luciana Sandy Pereira ), Francês ( Adriano Ramos) e Profa. Matilde Matilda ) ou Redação (Prof. Esp. Fabiano Oliveira e Prof. Danillo Pereira).   EQUIPE DOCENTE CRITERIOSAMENTE SELECIONADA.

Estratégias de ensino diferenciadas. Coordenação: Profa. Ma. Monica Soares Maiores Informações: Chellis Santos, monicasoares@fanese.edu.br Pos-educacao@gmail com











S.O.S MICROCEFALIA E ZIKA: Evidências de ligação entre zika e má-formações fetais são esmagadoras, diz OMS De acordo com a organização, o vírus já circula em pelo menos 38 países e territórios

22/3/2016 às 13h40 (Atualizado em 22/3/2016 às 14h11)

Evidências de ligação entre zika e má-formações fetais são esmagadoras, diz OMS

De acordo com a organização, o vírus já circula em pelo menos 38 países e territórios
Agência Brasil
Hilda Venâncio da Silva, mãe de Matheus, de quatro meses, que nasceu com microcefalia em consequência do vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, recebe atendimento no Recife, em Pernambuco. Ele é o primeiro bebê do Estado a usar óculos por conta da visão prejudicada pela microcefaliaAE
A diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan, disse nesta terça-feira (22) que, apesar da associação entre o vírus zika e o aumento de malformações fetais não ter sido cientificamente confirmada, as evidências circunstanciais atuais são esmagadoras.
“O tipo de ação urgente demandada por esta emergência em saúde pública não deve esperar por uma prova definitiva”, completou.
Durante coletiva de imprensa em Genebra, Margaret Chan destacou que o vírus já circula em pelo menos 38 países e territórios, enquanto 12 localidades já relataram aumento de casos da síndrome de Guillain-Barré associados a resultados positivos para infecção por zika. “Quanto mais sabemos sobre o vírus, pior nos parece a situação”, avaliou.
Ainda segundo a diretora-geral da OMS, Brasil e Panamá são os únicos países até o momento a reportarem casos de microcefalia possivelmente associados ao zika, enquanto o governo colombiano também investiga casos da malformação em bebês. Especialistas foram enviados a Cabo Verde para analisar o primeiro caso identificado de microcefalia possivelmente associado à infecção.
“Se esse padrão se confirmar para além da América Latina e do Caribe, o mundo terá de enfrentar uma grave crise em saúde pública”, alertou Margaret Chan. “No estágio atual de conhecimento, ninguém pode prever se o vírus zika vai se espalhar para outras partes do mundo, causar malformações ou algum tipo de desordem”, destacou Margaret Chan.

S.O.S MICROCEFALIA E ZIKA: DÓI PROFUNDAMENTE SABER QUE POR INCRÍVEL QUE PAREÇA NA PARAÍBA, 90% DOS PAIS ABANDONAM A MÃE E A CRIANÇA COM MICROCEFALIA. VEJA MATÉRIA: " 'Ele disse que estava com nojo de mim. Aí me deixou', diz jovem abandonada por pai de bebê com microcefalia"

25/3/2016 às 13h25

'Ele disse que estava com nojo de mim. Aí me deixou', diz jovem abandonada por pai de bebê com microcefalia

No interior da Paraíba, apenas 10% dessas mães recebem apoio dos pais dos bebês
BBC Brasil
Mães de bebês com microcefalia sofrem com abandono de pais em Campina GrandeReprodução/BBC Brasil
Ianka Mikaelle fez 18 anos dois dias depois que Sofia chegou ao mundo, no fim de janeiro. O diagnóstico de microcefalia veio aos sete meses de gravidez. E logo depois do primeiro golpe, Ianka recebeu o segundo: seu namorado, pai de seu primeiro filho, a abandonou.
"Ele disse que estava com nojo de mim, que me desprezava. Aí me deixou", conta Ianka com Sofia no colo, embrulhada numa mantinha branca com a palavra "princesa" bordada em cor de rosa.
Casos como o da jovem se somam no ambulatório especializado em microcefalia do Hospital Municipal Pedro I, em Campina Grande, na Paraíba.
A unidade, montada às pressas em novembro do ano passado para responder ao repentino aumento de casos de microcefalia no Nordeste, vêm recebendo dezenas de bebês do interior do Estado para sessões de fisioterapia e acompanhamento médico, mas também para terapia individual ou em grupo para as mães.
Os dramas enfrentados pelas mulheres atendidas aqui se sobrepõem. Pobreza, gravidez precoce, abandono pelos parceiros — são problemas corriqueiros.
Jaqueline Loureiro, psicóloga da unidade, diz que todas as mulheres aqui têm padrões socioeconômicos baixos e muitas vivem apenas do Bolsa Família.
Diversas foram de fato abandonadas pelos parceiros, como Ianka; mas Jaqueline diz que há muitos outros casos de abandono velado. Os maridos ficam, mas não se fazem presentes. Ela calcula que apenas 10% das mulheres atendidas pelo ambulatório de fato recebem o apoio necessário dos maridos.
'Não tem mais mulher nesta casa?'
Segundo Jaqueline, "muitas delas não recebem suporte nem financeiro, nem emocional [dos parceiros]. Porém, não se veem como tendo sido deixadas por não ter sido um abandono oficializado".
— As mulheres têm que tomar a frente de tudo sozinhas. E a gente sabe que essa história está apenas começando.
O Nordeste, afirma ela, é uma região "predominantemente machista", e isso se reflete nos relatos que as profissionais ouvem no ambulatório. A fisioterapeuta Jeime Leal diz que os maridos esperam que as mulheres continuem cuidando da casa.
— 'Por que você não fez a janta? Não tem mais mulher nesta casa?' Elas têm que ouvir cobranças como essas, além de todo o cuidado que precisam ter com a criança. São crianças que choram muito e requerem muitos cuidados. Às vezes elas passam noites e noites sem dormir.
Sem chance de trabalhar
Ianka largou a escola aos 15 anos, quando engravidou do primeiro filho. Pensava em voltar a estudar e estava procurando emprego quando engravidou de Sofia. Ela mora com os pais em Campina Grande a não tem e menor perspectiva de sair de casa.
"Lá em casa são nove pessoas, contando meus dois filhos. Só meu pai trabalha, ele é pedreiro. É um pouco difícil por causa disso. Eu durmo na cama dos meus pais com meu filho, a Sofia no berço, e meu pai e minha mãe dormem no chão. Eles cederam a cama para a gente", diz sorrindo com um misto de vergonha e gratidão.
Na prática, muita da responsabilidade recai sobre a mãe de Ianka, Edivânia Barbosa de Lima, que a acompanha sempre ao hospital e é como se fosse uma mãe também para a neta.
— Ianka é muito dependente de mim. Como o rapaz não quis mais viver com ela, ela vive comigo e eu faço tudo por ela. Na hora de trocar o bebê, ela fala, ó, mãe, toma. Eu troco, com o maior amor. Não me queixo.
A maternidade precoce está na família. Edivânia também engravidou pela primeira vez aos 15 anos, e hoje, aos 36 anos, tem cinco filhos e os dois netos.
— Quando a Sofia nasceu, eu levei um choque muito grande quando a vi. Mas agora todo mundo lá em casa é louco por ela. No começo eu sofri muito pela situação, pelo probleminha dela. Mas acho que Deus só dá para você o que você pode cuidar. Vou fazer tudo que puder pela minha neta.
Demora no salário-benefício
A sala de espera do ambulatório no Pedro I se assemelha a uma sessão de terapia coletiva. Na tarde de uma quinta-feira, as mães conversavam animadamente, falavam de seus bebês, de suas famílias, de suas experiências. Há pausas pensativas, mas também gargalhadas.
Essa rotina se repete duas vezes por semana e, a essa altura, as mães parecem velhas amigas. Muitas levam horas para chegar de cidades vizinhas, buscadas de madrugada pela condução que vem sendo oferecida pela prefeitura.
Francileide Ferreira vem de Galante, município a cerca de meia hora de Campina Grande. Ela tem 30 anos e Rafael, de três meses, é seu quinto filho.
Somado, o dinheiro que recebe do Bolsa Família — R$ 200 por mês — e os bicos que o marido arranja não têm dado para comprar o leite em pó do Rafael, além de fraldas e pomadas. Ela tem pedido ajuda para as outras mães, as médicas e familiares.
"Dá vergonha, mas tem momento que a gente tem que se humilhar mesmo", diz com um sorriso sem graça.
Francileide deu entrada no início do ano no pedido para receber o Benefício de Proteção Continuada, programa do governo que paga um salário mínimo a famílias de pessoas com deficiência que tenham renda mensal de até R$ 220.
O benefício é operado pelo INSS, e o trâmite demanda uma perícia tanto para comprovar a deficiência no bebê quanto para aferir o baixo padrão de renda.
Francileide só conseguiu agendar a visita da perícia para março, e enquanto isso continua dependendo da caridade dos outros. A história se repete entre as outras mães no ambulatório — a demora para conseguir o benefício faz com que muitas ainda não tenham se animado a tentar, como é o caso de Ianka.
'Quando Deus dá, não tem problema não'
Francileide nos permite acompanhá-la até a sua casa, uma construção simples e inacabada numa rua de paralelepípedo em Galante; mas busca evitar a atenção dos vizinhos ao entrar em casa com uma equipe de reportagem.
A primeira coisa que faz é pedir para a filha mais velha, de 13 anos, preparar a mamadeira do Rafael — que parou de aceitar logo cedo o peito da mãe por dificuldade de sugar. Enquanto coloca o filho na banheira para tentar refrescar seu corpo franzino depois do trajeto quente na traseira de uma ambulância.
Ela veste o filho com um macaquinho branco com o desenho de um cachorro e uma meia esgarçada que fica caindo do seu pé — até que Francileide a prende com um elástico ao redor de seu tornozelo. A meia puída decerto passou por seus outros filhos; é estampada de micro-ônibus e caminhões, com a palavra "HERO" (herói) escrita em inglês.
O mosquiteiro sobre a cama de Francileide não foi suficiente para evitar as manchas vermelhas e dor nas juntas que apareceram no início da gravidez, com febre e dor de cabeça. Meses depois, ela soube que o filho tinha microcefalia e estava com "líquido na cabeça".
"Achei estranho. Porque nunca tive filho assim, com problema. Aí o quinto ser assim. Nunca pensei em ter um filho assim", conta, ninando o filho no colo, remédio certeiro contra o berreiro que acabara de abrir.
Francileide costumava trabalhar em lavouras na região. "Cultivava milho, feijão. Eu gostava. Mas agora não vou mais poder trabalhar", diz ela, resignada.
"É mais trabalhoso, criança com deficiência. Mas Deus quis assim, e quando Deus dá, não tem problema não. Vou cuidar dele como cuidei dos outros", diz ela, com a Bíblia a seu lado no sofá.
Fase de negação
Mas a fé das mães e a confiança no futuro das crianças às vezes deixa as profissionais no Hospital Pedro I com o coração na mão.
"Muitas delas ainda estão em negação", afirma a psicóloga Jaqueline Loureiro.
— Os bebês têm comportamento similar a qualquer outra criança nessa fase de desenvolvimento. As dificuldades que essas crianças vão ter ainda não estão tão perceptíveis.
"A maioria imagina que é só o tamanho da cabeça. Falam que quando o cabelo começar a crescer, vai cobrir a cabeça, e ninguém vai perceber", conta a fisioterapeuta Jeime Leal, acrescentando que muitas dizem não ver a hora de as crianças estarem correndo pelo corredor.
— Elas nem sempre têm noção de que esse tamanho vai fazer com que o cérebro não se desenvolva e a criança não alcance os objetivos que deveriam ser alcançados.
Não lhes cabe desconstruir essa esperança, afirmam elas — e sim procurar dar suporte para as mães ao longo de todas as fases do caminho.
  • Espalhe por aí:
  •      
  •      
  •