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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

TV PSI MICROCEFALIA: Agradecemos o carinho e a receptividade de todos da Saúde do Estado de Sergipe! Obrigada pelas informações valiosas sobre a Microcefalia de Sergipe. Obrigada pelo convite e releasing!


Preocupados com as grávidas e com os casos de microcefalia em bebês, provocado pelo zika virus em Sergipe, que por sinal, à partir de hoje, 01/02/2016, a OMS declarou que a microcefalia e zika são emergência de saúde internacional, tornando-se assim, uma preocupação generalizada no mundo, ou seja, é um problema de todos! É uma EMERGÊNCIA MUNDIAL!!Esta blogueira radialista e graduanda em psicologia e o esposo Clyton Houly, médico e virologista , visitamos o Lacem, assim como também fomos ao prédio "Maria Feliciana", e fizemos uma visita a simpática e receptiva Giselda Melo Fontes, diretora da Vigilância em Saúde, que nos deixou muito bem informados em relação de "quem é quem na microcefalia de Sergipe". Só temos a agradecer a esta linda e competente mulher, que esbanjou alegria e simpatia, e claro que deu um show de comunicação e demonstrou um vasto conhecimento no assunto, colaborando bastante com a nossa pesquisa. Por fim Giselda sugeriu que fossemos também na ASCOM.
Sugestão aceita, estivemos no prédio Serigy onde funciona a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe (ASCOM) e  fomos muito bem recepcionados também pela jornalista Acácia Mérici e o publicitário Leandro Luz. 
Acácia nos convidou a fazer uma visita pelo site oficial da Secretaria de Saúde do Estado, nos orientando da melhor maneira possível , nos deixaram bem informados, agora podemos "beber na fonte" todos os dias, com informações fresquinhas, inclusive já recebi um boletim oficial por e-mail, que você pode conferir logo abaixo, e  outros boletins virão e você poderá acompanhar também aqui no blog TV PSI. 
E pra finalizar, conhecemos o ilustre  e atencioso jornalista Alberto Jorge, Assessor de Comunicação Social. Todos foram surpreendentes!! Muito solícitos e prestativos para conosco! 
Agradecemos a atenção e colaboração de todos! Muito obrigada pelas informações sobre o zika vírus e a microcefalia. Estamos muito mais bem informados em relação aos casos de microcefalia em Sergipe, que hoje, soma um total de 178 casos suspeitos, sendo que em Aracaju, são 44 casos, no Brasil são 4.180 casos no total. 
Quero aqui parabenizar o Secretário de Saúde do Estado de Sergipe, José Macedo Sobral, por poder contar com uma equipe tão competente! 
Como trabalho com comunicação há mais de 20 anos, sou colunista social desde 1996, hoje, escrevo para o Jornal Folha da Região de Estância (Conexão Aracaju-Coluna Social Marcia Meirellys) e escrevo para o blog TV PSI e Rede HumanizaSUS,  sinto-me na obrigação de aplaudir essa equipe maravilhosa!! Obrigada a todos!!

Confira boletim informativo da ASCOM-SE.



CONVITE À IMPRENSA


DST/Aids: Saúde lança Campanha de Prevenção para o Carnaval 2016


Fevereiro já começou e o clima festivo já tomou conta de Sergipe. Às vezes, os excessos da época podem levar as pessoas a ter relação sexual sem proteção, o que as coloca em grande risco de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e a Aids. Pensando nisso, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), através da gerência do Programa Estadual de DST/Aids, lançará nesta terça-feira, 02, a Campanha de Prevenção para o Carnaval 2016. 

Este ano, a campanha terá como tema ‘Deixe a prevenção tomar conta do seu Carnaval – use camisinha!’, focando a importância do uso correto dos preservativos masculinos e femininos para evitar as ISTs. A iniciativa também focará a prevenção e o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Febre Chikungunya e Zika Vírus.
 
“A campanha de 2016 tem o objetivo de estimular e apoiar a realização do Bloco da Prevenção na capital e no interior, esclarecendo aos foliões sobre a realização do Teste Rápido para diagnóstico do HIV antes do Carnaval e 30 dias após a última relação sexual sem camisinha”, explica o médico Almir Santana, gerente do Programa Estadual de DST/Aids, ressaltando que “prevenido, o cidadão não corre o risco de ter a sua relação sexual adiada e ainda se protege do HIV, de outras IST e das Hepatites Virais. Os casos de HIV e AIDS continuam aumentando e é preciso que todas as pessoas mudem de atitude, façam o Teste Rápido e usem sempre camisinha”.

O Bloco da Prevenção estará no Rasgadinho, em Aracaju, no domingo, 07 de fevereiro, a partir das 14 horas. Cada abadá será trocado por uma lata de leite em pó, o que dará direito a participar do cortejo carnavalesco. As trocas das latas de leite pelos abadás serão realizadas de 02 a 05 de fevereiro, na sede da Secretaria de Saúde, na Praça General Valadão, centro.

As latas de leite serão doadas às Casas de Apoio que assistem pessoas que vivem com HIV/Aids. 
 
“Para a Campanha de Prevenção do Carnaval de 2016 contamos com o apoio dos municípios, independente se terão festejos ou não, disponibilizando folhetos, cartazes, preservativos e porta-camisinhas. Vamos nos somar à Vigilância Epidemiológica para orientar a população, também, sobre os cuidados que devem ter em casa para evitar a proliferação e o aparecimento do mosquito Aedes aegypti. A Saúde é feita com a união dos esforços”, almeja Almir Santana.

 
O quê? Lançamento da Campanha de Prevenção para o Carnaval 2016
Onde? Auditório da Secretaria de Estado da Saúde – Praça General Valadão, Palácio Serigy, 1º Andar
Quando? Terça-feira, 02 de fevereiro
Horário? 9 horas



TV PSI - ALERTA MUNDIAL URGENTE!! MICROCEFALIA: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) DECLARA MICROCEFALIA E ZIKA SÃO EMERGÊNCIA DE SAÚDE INTERNACIONAL!!!

Microcefalia e zika são emergência de saúde internacional, declara OMS

Anúncio foi feito em coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
Órgão pediu ação internacional coordenada contra a doença.

Do G1, em São Paulo
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, fala a jornalistas nesta segunda-feira (1º), em Genebra (Foto: Fabrice Coffrinni/AFP)Margaret Chan, diretora-geral da OMS, fala a jornalistas nesta segunda-feira (1º), em Genebra, sobre a emergência em saúde pública devido ao zika vírus e à microcefalia  (Foto: Fabrice Coffrinni/AFP)
A disseminação do zika vírus e sua provável ligação com casos de microcefalia tornaram-se uma emergência de saúde pública internacional, declarou nesta segunda-feira (1º) a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa em Genebra, depois da primeira reunião do Comitê de Emergência sobre zika vírus da OMS.
grupo foi convocado na semana passada, quando o órgão demonstrou preocupação com a “propagação explosiva” do vírus e estimou que o número de casos nas Américas pode chegar a 4 milhões este ano.
Segundo Margaret Chan, diretora-geral da OMS, o Comitê de Emergência considerou que o aumento de casos de microcefalia e outras complicações neurológicas no Brasil e também na Polinésia Francesa e sua possível relação com o zika vírus consistem em uma situação extraordinária e uma ameaça para a saúde pública de outras partes do mundo.
A OMS afirmou que é necessária uma resposta internacional coordenada para fazer frente ao zika. Margaret Chan disse que a falta de vacina e testes confiáveis, além da falta de imunidade na população de países afetados recentemente são fatores de preocupação.
Relação entre zika e microcefalia
A diretora-geral da OMS disse ainda que uma possível relação causal entre o vírus zika e o aumento de malformações e complicações neurológicas é "fortemente suspeita, porém ainda não comprovada cientifícamente" e que é preciso garantir esforços internacionais para investigar essa correlação.
Apesar de ainda não haver uma prova científica de que o zika seja a causa do aumento de casos de microcefalia, Margaret Chan enfatizou a importância de as medidas preventivas serem tomadas desde já e não esperar até que as evidências científicas sejam conclusivas.
"Existe uma associação temporal e geográfica. Quando isso for comprovado, queremos assegurar que todas as medidas de prevenção já tenham sido tomadas", disse David L. Heymann, presidente do Comitê de Emergência, durante a coletiva de imprensa.
Heymann acrescentou que os estudos capazes de comprovar a relação entre zika e microcefalia são muito complexos e podem levar tempo, pois envolvem comparar grupos em que houve microcefalia e grupos controle, em que não houve a malformação. Algumas iniciativas de estudo com esse objetivo já estão em curso.
O encontro do Comitê e Emergência começou pouco antes das 11h15 (de Brasília). Foi uma conferência telefônica entre oito especialistas, diretores da OMS e 12 representantes dos Estados membros, incluindo o Brasil, país mais afetado.
No momento, as principais medidas de prevenção são o controle das populações do mosquito e a prevenção das picadas em indivíduos de risco, especialmente mulheres grávidas"
Margaret Chan, diretora-geral da OMS
Recomendações para grávidas
A OMS não estabeleceu nenhuma recomendação oficial de restrição de viagens para mulheres grávidas. "Se elas puderem adiar a viagem de modo que isso não afete seus compromissos, é algo que elas podem considerar. Mas se precisarem viajar, podem se consultar com seus médicos e adotarem outras medidas de prevenção, como o uso de mangas longas, calças e repelentes de mosquitos, por exemplo", disse Margaret Chan.
Como recomendações adicionais, a OMS indica que os mecanismos de detecção do zika vírus devem ser aprimorados e o desenvolvimento de um método diagnóstico mais eficaz deve ser priorizado. Além disso, as medidas de controle do mosquito vetor devem ser "promovidas de modo agressivo" para reduzir o risco de exposição ao zika.
Embora os sintomas do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti costumem ser de pouca gravidade, o zika vírus passou a ser observado com mais atenção quando surgiram indícios que o vinculam ao número excepcionalmente elevado de casos de bebês que nascem com microcefalia.
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014.
O país notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então, "a doença se propagou no país e também em outros 22 países da região", aponta a OMS.
Microcefalia; mães segurando filhos com microcefalia em hospital de Recife (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Mães seguram bebês com microcefalia em hospital de Recife: OMS declarou microcefalia e zika vírus como emergência em saúde pública internacional (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
O Brasil é o país mais atingido pelo vírus, seguido pela Colômbia, que neste sábado anunciou mais de 20 mil casos, 2 mil deles em mulheres grávidas. A Colômbia aconselhou as mulheres a adiarem a gravidez por seis a oito meses. Alertas similares foram feitos no Equador, El Salvador, Jamaica e Porto Rico.
O alerta também soou na Europa e Estados Unidos, onde o vírus foi detectado em dezenas de pessoas que viajaram ao exterior. No domingo, um instituto de pesquisa na Indonésia anunciou um caso positivo na Ilha de Sumatra e anunciou que o vírus circula "há algum tempo" no país.

TV PSI - S.O.S MICROCEFALIA: CONHEÇA O DRAMA DE MÃES QUE TIVERAM FILHOS COM MICROCEFALIA EM PERNAMBUCO. FALHAS EM DIAGNÓSTICOS E FALTA DE REABILITAÇÃO PARA OS BEBÊS E NÃO ACEITAÇÃO DA MÃE DE ENFRENTAR A MICROCEFALIA... VEJA ALGUNS RELATOS

Jornal Correio do Povo de Alagoas


31.01.2016 - 08:46   por ALESSANDRA DUARTE, ENVIADA ESPECIAL

Rede de saúde precária agrava drama da microcefalia

Em Pernambuco, epicentro da microcefalia, redes de saúde falham em diagnóstico e reabilitação de bebês

ITAPISSUMA (PE) — Rosa Ângela levou dois dias para aceitar a filha que tinha acabado de nascer.
— Ela foi pro berçário, fiquei num quarto. Perguntaram depois se eu queria que ela subisse pro quarto. Passou dois dias até subir, porque eu não queria. Ficar ali com ela, sabe? Não tava preparada. Chorei, a psicóloga veio, conversou. Até eu ficar, assim, mais conformada.
Aparelho nos dentes, a menina de 17 anos viu o rosto da microcefalia na sua primeira filha. Lara Safira nasceu há três meses com crânio de 28 cm e pegou a família de surpresa: a doença não tinha sido diagnosticada até então, apesar de a mãe ter feito pré-natal e três ultrassonografias durante a gravidez. Rosa Ângela mora com o marido e a filha do casal em Itapissuma, município da Região Metropolitana de Recife, a cerca de 45 quilômetros da capital do estado que mais tem registrado casos de microcefalia no Brasil.
O quadro de tragédia na Saúde que se formou com a revelação de que grávidas que contraíram o vírus zika tiveram, por causa do vírus, bebês com microcefalia — vista desde o fim de 2015 em centenas de bebês no país — é uma soma de tragédias familiares. Agravada por uma demora no diagnóstico da criança. O atraso na confirmação de suspeita de microcefalia acaba adiando o início do tratamento do bebê. O atendimento de reabilitação também precisa ser ampliado para dar conta do aumento de casos da doença: em Pernambuco, o epicentro brasileiro dos casos, só três locais estão registrados até agora na Secretaria estadual de Saúde para oferecer reabilitação a crianças com microcefalia; e uma unidade municipal de Saúde começou a estruturar este mês esse serviço. Caracterizada por fazer com que o bebê tenha crânio menor que o normal, e retardo no desenvolvimento neurológico e motor, a microcefalia e sua relação com o vírus zika — transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e da chicungunha — fizeram a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitir na última semana alerta mundial sobre a zika.
Lara começou a fazer fisioterapia quando tinha 2 meses. A mãe se trata com psicóloga até hoje.
— Ela faz fisioterapia uma vez por semana. Mas a própria médica lá já falou que é pouco, que ela precisa fazer quase todo dia. Só que lá só atendem esses casos uma vez na semana. Fica cheio — conta Rosa Ângela, atualmente no 3º ano do ensino médio; o marido de Rosa e pai de Lara, Ítalo Cassiano, tem 20 anos e faz bicos como ajudante de pedreiro.
O lugar onde a menina se trata é a Fundação Altino Ventura, entidade privada que realiza assistência gratuita de saúde no Recife, e um dos três locais habilitados na Secretaria estadual de Saúde; os outros dois são a Associação de Assistência à Criança Deficiente, também na capital, e a Mens Sana Corpore Sano, na cidade de Arcoverde, no sertão. A presidente da Altino, a médica Liana Ventura, diz tentar desde dezembro se reunir com a Secretaria estadual de Saúde para obter recursos. Segundo ela, só assim vai conseguir contratar mais funcionários para ampliar os dias de reabilitação, pois já está atendendo até 400% acima da sua capacidade.
— A prefeitura também começou a oferecer reabilitação para microcefalia ali na Policlínica Lessa de Andrade. Há ONG que reabilita crianças com síndrome de Down, por exemplo, mas não especificamente microcefalia — diz Liana.
VÍTIMAS DO VÍRUS ZIKA
Rosa Marinho, de 17 anos, e Ítalo Monteiro, de 20, com a filha Lara Safira, de três meses: a menina teve diagnóstico confirmado de microcefaliaFoto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
A Lessa de Andrade começou a oferecer reabilitação para microcefalia dia 4 de janeiro. Segundo funcionários, recebeu 26 casos até a última quarta. Mas, afirmaram, como a equipe ainda está sendo estruturada, os atendimentos estão só pela manhã.
A Secretaria estadual de Saúde informou que vai ampliar o número de locais com reabilitação para microcefalia, além de ampliar o número de dias de atendimento da Altino, mas disse que ainda não tem previsão de quando isso ocorrerá.
A reabilitação na microcefalia inclui estimulação dos movimentos, da visão e da audição do bebê.
— Para o bebê com microcefalia, o 1º mês de vida é o mais importante para reabilitação: é nessa fase que ele começa a desenvolver movimentos, cognição. Com a microcefalia, a informação que chega ao cérebro precisa ser corrigida. E, quanto mais cedo a informação correta chegar ao cérebro, mais chances a criança tem de se desenvolver — diz Priscila Vieira, fisioterapeuta da Fundação Altino.
Muitas vezes, porém, o bebê não inicia a reabilitação já no 1º mês porque o caso ainda é uma suspeita. Para se ter a confirmação, aqueles que, 48 horas depois do parto, tiverem o crânio considerado microcéfalo — com 32 cm ou menos — precisam passar por ecografia e tomografia.
— O tempo entre a suspeita e a confirmação ou não depende muitas vezes do local onde a criança nasce — disse ao GLOBO o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame. — Se nasce numa capital, tem acesso mais rápido a ecografia e tomografia, às vezes a maternidade já faz. Se nasce no interior, e a família precisa agendar exames em outra cidade, isso pode levar, por exemplo, 30 dias.
No entanto, o secretário ressalta que a orientação que o ministério dá às unidades é que elas realizem “atendimento de estimulação precoce nos bebês mesmo quando os casos ainda são de suspeita”.
Ninguém avisou isso a Renata Nobre ainda. Também moradora de Itapissuma, a mãe de Rodrigo, de 4 meses, tenta há dois meses saber se a suspeita de microcefalia do filho se confirma ou não. Nesse tempo, diz, o menino tem feito consultas e exames, mas não está recebendo nenhum tipo de estimulação motora ou visual. Renata teve zika na gravidez.
— E essa suspeita só descobriram quando ele ficou doentinho e levei no pediatra. Ele tinha 2 meses — conta Renata, de 27 anos, que marcou ecografia e tomografia no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, uma das unidades de referência para diagnóstico da microcefalia no estado.
Alberto Beltrame destaca que o Ministério da Saúde criou um protocolo de atendimento para mulheres em idade reprodutiva e gestantes:
— Cerca de 50% das grávidas começam o pré-natal por volta dos 3 meses. Estamos fazendo uma campanha nas unidades para que elas comecem antes. E vamos lançar esta segunda-feira um 0800 para profissionais de Saúde tirarem dúvidas sobre como diagnosticar a zika em gestantes. Os primeiros casos de zika no Brasil apareceram em abril, maio de 2015. Ou seja, estamos enfrentando o primeiro verão inteiro com a zika. É um aprendizado.
Doença provoca irritação e choro constante
Renata deu sorte, que Rodrigo quase não chora. No caso de Lara, ela só não chora quando alguém lhe balança ou dá leve sacudida — recomendação médica que a família diz ter recebido para acalmá-la. A mãe, o pai e os familiares de Lara se revezam na paciência com o choro contínuo.
— Os bebês com microcefalia choram muito. A gente não sabe se é alguma dor na cabeça. É uma irritação — sublinha a médica Liana Ventura.
Ações para combate a focos do Aedes aegypti, Renata e outros moradores do Centro do município dizem que neste verão, até agora, não viram nenhuma, apesar de a área ter lixo acumulado em terrenos e de moradores já terem tido zika e dengue. A Secretaria estadual de Saúde diz que quem realiza essas ações são os municípios, que o estado só apoia quando solicitado pelas prefeituras, e que, até a última sexta, a prefeitura de Itapissuma ainda não tinha feito essa solicitação. O GLOBO não conseguiu contato com a prefeitura da cidade até o fechamento desta edição.
— Ela (Lara) tem umas 15 consultas por mês — conta Rosa, que teve febre de 3 dias na gravidez. — Numa das últimas (consultas), falaram que muitos bebês com essa doença vivem até 4 meses só. A minha faz 3 meses amanhã (sexta, dia 29). É como se me dissessem que ela vai viver só mais um mês.
— Essa doença... — diz Renata, e pausa antes de resumir: — Veio para acabar com os bebês, né?
Pedidos de interrupção da gravidez
Sem parar de chorar por pelo menos meia hora, o nervosismo de V. era tanto que não deixou que médicos a examinassem na última sexta. A avaliação da menina de 4 meses, na Fundação Altino Ventura, ficou para a outra semana, e ela voltou para onde mora: o Lar Rejane Marques, abrigo na capital pernambucana para crianças com deficiência. Com uma filha deficiente e sem condições financeiras, a mãe de V. já pensava em não ficar com a segunda filha antes do parto — quando, então, soube que sua segunda menina também tinha um problema, a microcefalia.
— Isso reforçou essa vontade dela de entregar a criança — diz Élio Braz Mendes, juiz da 2ª Vara de Infância e Juventude de Recife, que marcará uma audiência com a mãe de V., deixada na maternidade e encaminhada pelo Conselho Tutelar ao Lar Rejane.
A mãe não tem visitado a filha no abrigo, mas foi com o bebê até a instituição.
— Até chegou a registrar a menina. O pai é desconhecido. O Ministério Público fala em abandono, mas creio que foi uma entrega com alguma responsabilidade. Ela soube para onde a menina ia — completa o juiz, afirmando que, até agora, esse foi o único caso de entrega de bebê com microcefalia de que ele tem conhecimento. — Hoje, a microcefalia é mais um desafio para a ciência do que para a Justiça.
Mas a Justiça pode passar a ser desafiada: segundo o juiz, pedidos de interrupção legal da gravidez de mulheres que esperam bebês com microcefalia podem começar a chegar a juizados, baseando-se numa comparação com a anencefalia, quando o bebê não tem desenvolvimento do cérebro — e um dos casos em que, desde decisão do Supremo Tribunal Federal de 2012, a legislação brasileira permite o aborto.
— No caso da microcefalia, o diagnóstico é difícil, mas o prognóstico muitas vezes é de uma criança num estado que tende a ser vegetativo — completa o juiz.
Este mês, na Colômbia, outro país afetado pela zika, o ministro da Saúde abriu a possibilidade de aborto legal para microcefalia. Aqui, uma médica de Minas relatou em artigo este mês tabela de preços de aborto clandestino que existiria para casos de microcefalia, a um mínimo de R$ 2 mil.
— Quando o ministro Marcelo Castro (Saúde) diz que “gravidez é para profissional”, a responsabilidade pelo combate à microcefalia é colocada nas mães. E, aí, as de baixa renda são penalizadas mais uma vez, porque muitas que têm recursos podem recorrer ao aborto — diz a médica Leila Adesse, do Grupo de Estudos do Aborto (GEA). — Como o diagnóstico pelo ultrassom não ocorre nos primeiros meses, mas é nessa fase em que o aborto é mais seguro para a mulher, um debate que começa é o da possibilidade de interrupção da gravidez quando a gestante é diagnosticada com zika e teme que o bebê possa ter sido afetado.

Fonte: OGlobo.com